«Fazei brilhar a vossa luz» é o convite de Jesus Cristo que nos compromete a irradiar a Luz que Ele é em nós. É com este lema que estamos a celebrar na Igreja em Portugal a 10.ª Semana do Consagrado, que teve início no dia 26 e terminará a 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor, 22.º Dia Mundial da Vida Consagrada, por iniciativa de São João Paulo II desde 1997. Os nossos Bispos, por feliz proposta de D. António Francisco de saudosa memória, decidiram instituir a Semana do Consagrado, ampliando assim a celebração ao longo de oito dias.

Na exortação apostólica Vida Consagrada de 1996, João Paulo II afirma logo de início que a vida consagrada como forma de existência cristã «está colocada no coração da Igreja como elemento decisivo para a sua missão, por exprimir a íntima natureza da vocação cristã e a tensão da Igreja-Esposa para a união com o único Esposo que é Cristo».

Sabendo que ser consagrado é condição batismal de todos os fiéis e sem se distanciar dessa essência, o magistério da Igreja incluiu na designação «vida consagrada» todos os que vivem em comunidade e fazem votos dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, como membros das ordens, congregações, institutos religiosos, sociedades de vida apostólica e institutos seculares. É uma forma especial de viver a vocação cristã comum a todos, sem exclusivismos de tendências perfecionistas.

Continuam bem atuais os três objetivos deixados por São João Paulo II para esta celebração: «responder à íntima necessidade de louvar o Senhor e agradecer-Lhe o grande dom da vida consagrada, que enriquece e alegra a comunidade cristã com a multiplicidade dos seus carismas e com os frutos de edificação de tantas existências, totalmente doadas à causa do Reino»; «promover o conhecimento e a estima pela vida consagrada, por parte de todo o povo de Deus»; «celebrar em conjunto e solenemente as maravilhas que o Senhor realizou nas pessoas consagradas, para descobrir, com um olhar de fé mais lúcido, os raios da divina beleza difundidos pelo Espírito no seu género de vida, e tomar consciência mais viva da sua insubstituível missão na Igreja e no mundo».

Para a celebração desta Semana, que a todos deve envolver e não apenas os consagrados, são apresentadas sugestões de oração, reflexão e Lectio Divina (www.conferenciaepiscopal.pt ou www.cirp.pt). Oxalá que os consagrados e consagradas promovam estas iniciativas nas paróquias e noutros espaços eclesiais e, porventura, fora dos âmbitos eclesiais. Porque não? A Luz que nos transforma e compromete não é para irradiar com alegria em toda a parte, sobretudo nas periferias existenciais mais isoladas e até abandonadas? Não é esse o lugar profético sobretudos dos consagrados e consagradas?

Não resisto a transcrever pertinentes palavras da Mensagem do Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios para esta Semana: «Para que a vida consagrada seja um candelabro que ilumina à sua volta, importa não ficar presa à lógica de sobrevivência ou ao sentimento de nostalgia mas ouse abrir caminhos novos, dar lugar à profecia. Esta indispensável “conversão pastoral e missionária” de que fala o Papa Francisco, passa hoje pela redescoberta do sentido comunitário e pela alteração dos estilos de vida. Numa sociedade individualista e autorreferencial, a proposta de uma vida comunitária onde se exercita o valor da gratuidade, do serviço e da comunhão, em que se dá espaço à oração, à contemplação e ao silêncio, é um testemunho profético. Hoje espera-se dos consagrados a promoção de novos estilos de vida, sóbrios, solidários e hospitaleiros, alternativos à cultura utilitarista que privilegia a exterioridade, a competição e o descarte».

Sintonizemos e rezemos com todos os consagrados, na especial missão de serem portadores e sinais da irradiação da Luz que é Jesus Cristo!