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Henrique Joaquim
“Desigualdade, fraternidade e solidariedade”
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Embora já soubéssemos pela observação do que vivemos no nosso quotidiano, confirma-se e reforça-se agora, através de um estudo recentemente publicado, que em Portugal se agravou a desigualdade social, designadamente no que se refere aos rendimentos. Consequentemente agravou-se também o fenómeno da pobreza! Afinal, o esforço pedido e imposto não foi igual nem equitativamente repartido por todos.

Posto isto, uma das maneiras mais fáceis pode ser começarmos por ignorar ou desvalorizar, porque afinal são só estatísticas, ou então desatarmos a correr e a discorrer para apontar culpados correndo o risco de esquecer as pessoas realmente afetadas e que são expressão desta situação.

Podemos também, e esta hipótese já é positiva, continuar a empenharmo-nos e até a dar de nós em ações e projetos que atenuem os problemas e as situações concretas de carência que conhecemos. Aliás, se assim não fosse a situação seria muitíssimo pior. Ou seja, é fundamental empenharmo-nos numa cultura de fraternidade e de partilha em especial com aqueles que mais necessitam.

Contudo, julgo que urge e é fundamental desenvolver uma cultura de verdadeira solidariedade e de justiça social. E essa começa (ou recomeça) sem dúvida por refletirmos (individual e coletivamente) na realidade através destes dados que agora nos chegam. Continua na nossa capacidade de conhecer e experimentar de perto o que são de facto estas situações para que em conjunto possamos ter sentido crítico sobre elas. Mas a solidariedade e a justiça carecem da nossa ação e do nosso empenho em novas formas de estar e de agir enquanto cidadãos e enquanto pessoas.

A situação exige que sejamos não só mais conscientes do nosso compromisso com a comunidade local e global de que fazemos parte mas que sejamos também mais ativamente responsáveis pelo menos por tentar inverter o rumo.

Perante a desigualdade é fundamental a nossa participação fraterna mas urge que tenhamos uma postura verdadeiramente mais solidária na construção de estruturas e formas de vida diferentes, mais dignas e acima de tudo mais justas. São as pessoas que até nos são próximas que estão a sofrer mas é também o modelo que sociedade que está posto em causa. E nós não temos nada a dizer sobre isso?