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Isilda Pegado
Efeitos pessoais das políticas e da lei
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1. É comum ouvir-se, nomeadamente entre Católicos, “essas Leis não me afetam, porque tenho cá a minha Fé”. É bom que se tenha Fé, e com ela haja a adesão a uma proposta de Vida fundada na Moral Católica e nos Valores que a Igreja e o Catecismo nos ensinam.

2. Porém, não vivemos isolados. Ser Católico é viver no Mundo. De cada vez que uma Lei ou um debate se faz na Sociedade e vai contra a proposta de Vida Cristã, todos somos interpelados e afetados. Ninguém fica isento. Há um mundo que se modifica e muitas vezes no pior sentido. Vejamos a prática.

3. A Liberalização do Aborto continua na “ordem do dia”. Esse debate, que em Portugal se iniciou em 1984, com a possibilidade de abortar em casos muito limitados (malformações de feto, perigo de vida para a mãe ou em caso de violação) ampliou-se nas Leis sucessivas, até à Liberalização total quando praticado até às 10 semanas de gestação (2007).

A par desta realidade Nacional assistimos internacionalmente às tentativas de tornar o “Aborto um Direito Fundamental”. (???)

4. Isto é, eliminar uma vida humana não desejada, passaria a ser um direito atribuído por Lei, a outrem. Já ninguém discute se é ou não um ser humano que se elimina, porque a ciência e a técnica o confirmam inequivocamente. É apenas a arrogância do Poder e das ideologias que ditam tão bárbara proposta.

5. Aqui chegados, a pergunta que se coloca é saber quais os limites desse “direito” atribuído a alguém? Uma vez aberta esta possibilidade, haverá um limite? Ou tudo se define no jogo político que, hoje é um, e daqui por uns anos pode ser outro (mais amplo…). Quem pode ser eliminado por outrem? Quem define os limites?

6. Quando levantamos a nossa voz para dizer… “estamos contra”, “lutamos contra” e nos “empenhamos contra” estas Políticas/Leis, não é só para que cada um de nós se sinta protegido.

É por todos. É pelos presentes e pelos futuros seres humanos. É por nós, pela nossa filha ou filho, pelo nosso neto ou neta ou simplesmente pela amiga ou vizinha.

7. O Amor/Caridade que nos enche o coração, não se esgota no “prato de sopa que damos ao faminto”. Hoje, este “prato de sopa” é talvez ainda mais necessário na proclamação de uma Moral e de um respeito pelos valores que servem o homem/mulher. Porque conduzidos pela Verdade e destinados à Felicidade.

As dores causadas em cada um dos que nos rodeiam, pelo uso de Leis e Políticas (aborto, divórcio, inseminação artificial, mudança de sexo, “casamento” homossexual, ideologia de género e…eutanásia) atentam contra a Natureza Humana, e são fontes evidentes de sofrimento, para quem está atento ao outro. Quantas vezes os efeitos não nos batem à porta?

8. Ainda que por vezes nos seja apresentado o progresso “dourado”, há limites que não podemos transpor. O valor da vida Humana, a igual dignidade de todos os Seres Humanos, o primado da Natureza e da Verdade sobre a ideologia, não são entraves, mas pilares fundamentais para a Felicidade. No simples “deixa ser”, há um sectarismo com o qual não podemos pactuar.

9. Com mais ou menos dinheiro, com mais ou menos condições de bem-estar, vamos vivendo e lutando por dias melhores. Mas quando se tomam decisões que abrem feridas que destroem vidas, as dores não passam. E espalham-se em nosso redor.

Há dores que são ditadas pelas circunstâncias (acidente, doença, tragédia) e é inelutável. Porém, há outras nas quais se joga a nossa liberdade, as nossas escolhas. E aí a dor é muito maior, porque respondemos pessoalmente por ela.

10. A Igreja tem uma Sabedoria Milenar que lhe foi sendo Revelada e que, muito sofrida, muito estudada foi testada ao longo de Séculos e Séculos. Todos temos o desejo de construir, de fazer melhor, de encontrar novos caminhos. E esse desejo é bom. Olhar para o muito que a Tradição da Igreja nos ensina é por isso um bom método de decidir.

11. Fomos feitos para a Felicidade, para o Amor e para a Plenitude do tempo. Quando uma Lei ou Política atenta contra a Vida, a Felicidade, o Amor a qualquer Ser Humano é contra cada um de nós que se joga aquela Lei. Somos permanentemente interpelados por estes desafios. E a nossa atenção deve ser redobrada e fundamentada.

É muito bom estar com ousadia, alegria, amor, serenidade e audácia num mundo real e na companhia da Igreja e de toda a sua Tradição e Saber.

 

Isilda Pegado

Presidente da Federação Portuguesa pela Vida