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Isilda Pegado
Vasco Mina. A vida, um hino à Vida e a Deus
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O Vasco era desde há muitos anos um incansável servidor da Vida.

O discernimento, os saberes e a pertença à Igreja, davam-lhe a certeza de que há um mundo por melhorar e no qual tinha um papel a cumprir. Que cumpriu.

Na Direcção da Federação Portuguesa pela Vida era presente e efetivo nos actos e também na amizade e companhia.

O Vasco, depois de uma doença muito prolongada e sofrida, deixou-nos.

Lutou primeira e segunda vez para vencer esta doença com toda a tenacidade e de forma dócil, respeitadora e serena. Foi um longo calvário que percorreu e do qual nos foi sempre dando nota, sem queixume, mas fazendo-nos participantes do caminho que percorria. Damos Graças por nos ter sido dado acompanhar tão grande e nobre vida.

Distinguia-se pela delicadeza no trato, o saber, o aprumo, a lealdade… um homem Bom.

Em 2018, no primeiro combate contra a Eutanásia, em frente à Assembleia da República, o Vasco subiu ao palco para defender o valor de todas as Vidas. Fê-lo já na circunstância de doente e que quis usar para servir a causa. Sem rodeios. Muitos trememos com as suas palavras.

Empenhado em diferentes âmbitos da Igreja, da política e sociais era reconhecido por quem com ele se cruzava.

Na Igreja serviu onde lhe foi pedido, com a disponibilidade e discrição que só um homem de muita Fé é capaz.

A família, estava acima de tudo. A “Rosarinho e os miúdos” – era assim que os tratava – eram mais do que ele. E foi a família que neste seu longo calvário o acompanhou com muito amor e dedicação. Um exemplo que se agradece e louva.

No início da recaída em Novembro de 2021, escreveu no grupo de amigos do WhatsApp: “Esta é a minha cruz. Eu não a pedi, mas veio ao meu encontro “. E, mais tarde: “Comigo está, esta tarefa de viver Cristãmente esta doença, e é o que peço diariamente nas minhas orações”.  Mais tarde, introduziu-nos o poema “Le train”, de Jean D’Ormesson, que compara a vida à viagem de um comboio, sendo que não saberemos em que estação vamos sair da viagem. Escreveu então: “…o poema de Jean D’Ormesson ecoa dentro de mim… quero agradecer a todos os que me acompanharam nesta viagem e também recordar os que já saíram nas paragens anteriores”.

Desta forma viveu até ao fim, mostrando a alegria que tinha em viver, a consciência de que estava próxima a sua “estação de saída” e o pedido constante de “viver cristãmente cada momento”. “Mas agora é preparar o regresso à Casa do Pai” –escreveu a 3/maio. Convidou os amigos e familiares para a 18/maio celebrar uma missa de Acção de Graças pela vida que teve. Nos últimos dias despediu-se de nós ditando uma mensagem na qual dizia que era a última vez que o fazia. E foi.

Um exemplo de Ser Cristão, uma Cruz abraçada… uma Glória. É assim a Vida do Vasco Mina.

 

Isilda Pegado

Presidente da Federação Portuguesa pela Vida