
Na arte da representação de santos, há uma imagem de São José que me interpela: São José que dorme. Vemos, normalmente, representações de santos com símbolos que nos remetem para determinadas características pessoais, por vezes até reportando-nos para as causas das suas mortes, como mártires e testemunhos de fé, ou por algum feito, isto é, por algo que se destaca nas suas vidas.
Mas nesta imagem de São José que dorme, vemos, simplesmente, a simplicidade de uma figura a dormir. Sabemos que em São José, e não apenas, Deus comunica pelo sonho; isto é, o sonho é o meio que Deus usa para comunicar com São José e, dessa forma, vai-lhe dando as indicações necessárias para cuidar, acompanhar e defender a Sagrada Família.
Na história de São José, desde o início, Deus comunicou com ele para o descansar e fazer perceber que o projeto de Deus era grande e que Maria, a sua esposa, iria dar à luz um Filho, que era Deus. Podemos imaginar a dificuldade que São José terá sentido ao descobrir a gravidez de Maria, mas diz-nos a Sagrada Escritura que não repudiou a sua esposa, mas fez silêncio. E, no meio da dor, nesse silêncio, na discrição e no sonho, Deus comunica com ele.
Já em Belém, depois do nascimento de Jesus, novamente um sonho leva José a pegar na sua família e a fugir, rumo ao Egipto, para a salvar da perseguição de Herodes. Muitas vezes ouvimos dizer que o sono é bom conselheiro, porque se encontram soluções, amadurecem ideias, descansa-se sobre os problemas, mas sobretudo cria-se espaço para a iluminação que Deus pode trazer à vida.
Estamos no decorrer do Ano de São José, e nesta sexta-feira, 19 de março, o Papa Francisco encetou, também, o Ano ‘Família Amoris Laetitia’, para assinalar os cinco anos da Exortação Apostólica pós-sinodal com o mesmo nome. É uma oportunidade para colocarmos, no sono de São José, não apenas os nossos problemas, as nossas vidas, mas a vida da Igreja e o cuidado pela instituição familiar, com as suas dificuldades e todos os seus desafios.
Entreguemos tudo ao sono de São José, mas mantenhamo-nos despertos para defender sempre a vida.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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