
Embora muitas vezes não queiramos reconhecer, ou aceitar, sabemos que temos limites. Sabemos que a nossa vida, aqui, por onde andamos, não é eterna, mas pelo nosso batismo já estamos na eternidade. Sabemos que muitas vezes lutamos, guerreamos, discutimos, zangamos, dividimos, ofendemos, separamos, destruímos por coisas inúteis e, por vezes, até, insignificantes, mas apenas porque sim. De que serve tudo isso, se a vida é uma Páscoa? Isto é, uma passagem...
O modo como vivemos este tempo de Páscoa – e não falo de tempo litúrgico, mas do tempo que marca a nossa vida –, definirá o que deixamos de herança quando chegarmos à nossa Páscoa definitiva, a da passagem para o lado de lá, junto do Senhor que nos glorificará com Ele.
No próximo fim-de-semana, dia 27 de junho, eu e outros colegas, não apenas da nossa diocese, celebraremos 10 anos de ordenação sacerdotal. Do tempo de formação, e mesmo deste tempo de ministério, em muitos momentos, ouvi falar da celebração da Páscoa de um modo único, com uma interioridade e alegria que nos fazia entrar dentro dela, desejar participar nela, mas sobretudo vivê-la. Nas aulas de Liturgia, na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, absorvíamos não apenas uma sabedoria intelectual, mas um conhecimento e experiência de vida que nos colocava dentro da celebração litúrgica, olhando para o seu lado exterior, aprofundando o seu interior, onde se revela o Amor e a beleza de Deus. Porque cada gesto na liturgia não é apenas um símbolo, mas é a própria Verdade de Deus que está presente e se faz presente no meio de nós.
O cónego Luís Manuel, que já fez a sua Páscoa definitiva, foi, não apenas na UCP, mas em tantos outros lugares, por todo o país, o liturgista que nos ensinou a olhar para a liturgia com grande entusiasmo, mas, sobretudo, cuidado e amor, levando-nos ao interior do coração de Deus. Há uma escola litúrgica, na nossa diocese, ligada ao Seminário dos Olivais, que vem da reforma levada a cabo por figuras como monsenhor Pereira dos Reis, o cónego José Ferreira, o padre Manuel Luís e, agora, também, o cónego Luís Manuel que, recordava D. Manuel Clemente na missa de exéquias a que presidiu, participou na tradição que liga o Seminário dos Olivais à Catedral de Lisboa na valorização da liturgia. O cónego Luís Manuel ensinou-nos a olhar para a liturgia com esta beleza, mas, sobretudo, testemunhou-nos a beleza de Deus em cada gesto litúrgico, simples e discreto, nas celebrações que, cuidadosamente, preparava, vivia e nos levava a celebrar.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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