Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
O verdadeiro ato de bondade
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No próximo dia 20 de fevereiro, vai estar em debate, na Assembleia da República, o tema do que chamam a “despenalização da morte assistida”, o mesmo é dizer, aprovar a eutanásia. O termo constantemente utilizado ‘morte assistida’ é “uma expressão enganadora” e um conceito que “inclui a eutanásia e o suicídio assistido”, esclarece a Conferência Episcopal Portuguesa, num anexo à Nota Pastoral publicada a 8 de março de 2016, ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’, e que traz todos os esclarecimentos sobre este tema. É importante que se entenda que a eutanásia não é uma questão religiosa, mas humana, porque, trata-se da defesa da vida do homem. Contudo, é um tema sobre o qual, de forma especial, nós, católicos, devemos estar atentos e pelo qual nos devemos manifestar. A eutanásia e o suicídio assistido, sublinha o mesmo documento, “representam o encurtamento intencional de uma vida. Não é possível para ninguém – saudável ou com doença incurável – prever o momento da sua morte. A eutanásia reflete a pretensão de transformar a morte num «acontecimento programado e calculado»”, reforça o texto publicado e disponível, a todos, no sítio da Conferência Episcopal Portuguesa (http://bit.ly/eutanasia_notaCEP). Já o conhece?

Isto significa que está em causa o pôr fim a uma vida, com o objetivo anunciado de acabar com o sofrimento da pessoa em causa. Mas, “a eutanásia não acaba com o sofrimento, acaba com uma vida”. Por isso, refere a CEP, em vez de “morte assistida” deveríamos falar em “vida assistida até ao seu termo natural”, “garantindo ao doente terminal, através dos cuidados paliativos no aproximar do fim da vida, a assistência médica e humana necessária para o alívio do sofrimento”. Daí a necessidade de reclamar a “humanização do fim da vida através de um conjunto de meios e atenções, oferecendo à pessoa os cuidados de que necessita e que dignificam não apenas quem os recebe, mas também quem os pratica num ato de verdadeira compaixão e generosidade”.

Há quem considere eutanásia, a morte, como “um direito”, “um ato de bondade”, um “avanço civilizacional”. Contudo, acredito, mesmo, que o primeiro direito daquele que está doente, é o de ser tratado, cuidado, ajudado, para que seja aliviado o seu sofrimento. É um ato de bondade o estar próximo, para que o doente não se sinta sozinho, abandonado, mas sinta que é amado, que tem quem o trate e não o despreze. Uma grande dificuldade no doente, é o sentir que a sua vida não tem sentido, que está a ser um peso para os outros, surgindo depois o sentimento de impotência e de desistência da vida. É importante, por isso, ajudar o doente a sentir que não está só, efetivamente, pela presença, pela atenção. Que ele “sinta que a sua vida tem sentido e que tem o apoio de uma equipa a tratar dele o que, juntamente com o carinho da família e dos amigos, proporciona um precioso auxílio para contrariar o sentimento de isolamento e insegurança que ocorre com frequência nestes casos”, aponta o documento da CEP.

Mais recentemente, na mensagem para o Dia Mundial do Doente, que se celebra a 11 de fevereiro, o Papa Francisco reforça que “a vida há de ser acolhida, tutelada, respeitada e servida desde o seu início até à morte” e por isso deixa um apelo aos profissionais de saúde: “Quando não puderdes curar, podereis sempre cuidar com gestos e procedimentos que proporcionem amparo e alívio ao doente”. “Em certos casos, a objeção de consciência deverá tornar-se a vossa opção necessária, para permanecerdes coerentes com este «sim» à vida e à pessoa”. O Papa não tem razão?

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

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