
A Igreja celebra este Domingo, 2 de fevereiro, a festa litúrgica da Apresentação do Senhor e, nela, deparamo-nos com a cena evangélica de Jesus que é levado por seus pais, Maria e José, ao templo, para ali ser consagrado a Deus. Na cena do texto evangélico que é proclamado nas Eucaristias deste Domingo, vemos, para além da Sagrada Família, outras duas figuras contemplativas, Ana e Simeão, que durante muitos anos esperaram a vinda do Messias. O Messias chegou, tocou e transformou a vida de muitos, e ainda hoje o continua a fazer, ao ponto de tantos, para o seguirem, serem capazes de deixar tudo de lado, para assumirem um projeto de vida diferente: uma vida de consagração religiosa por amor a Jesus Cristo.
Porém, o mundo não entende a consagração religiosa. Considera-a uma submissão, um condicionamento da liberdade, um anular-se para se subjugar a outrem. Considera, até, que a conversão – isto é, a situação de mudança de vida, deixando de lado, por vezes, outros projetos, pessoais e profissionais –, é a consequência de uma ‘lavagem cerebral’. Direi que lavagem existirá, mas é espiritual. Porque a adesão a Jesus Cristo, seja ela qual for, renova, purifica, regenera para uma vida nova, se aceitarmos a proposta que nos é feita.
Contudo, entender a vida religiosa, a consagração a Deus, com maior ou menor radicalidade, no que se refere ao estilo de vida adotado, como lavagem cerebral, como vimos recentemente numa reportagem televisiva, pode ser prova de que não estamos a ser capazes de testemunhar a alegria de uma vida entregue a Deus. E isso deve interpelar-nos. Mas também sabemos que, quem não fez a descoberta da fé, não é capaz de a entender, porque a consagração transcende-nos.
A vida religiosa, a vida monástica, a vida eremítica, não são uma novidade no mundo. Mas vamos percebendo, sobretudo, que o que vai atraindo mais é a vida de contemplação, que implica um afastamento de tudo. Para seguir Jesus, é mesmo preciso deixar tudo. Nem todos o compreendem, e por isso muitos são os chamados e poucos os escolhidos. Isto é, Deus chama, mas aqueles que são escolhidos são aqueles que aceitam, de todo o coração, o convite e as suas condições para O seguir. As suas condições. Não as condições que eu queira impor, ou que o mundo quer ditar.
A vida de consagração implica ir contra corrente, e nem todos são capazes de perceber a riqueza, a graça e a alegria dessa consagração, em resposta ao chamamento que Deus faz. Mas o consagrado é uma luz que brilha no mundo.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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