Doutrina social |
Amazónia
Um Sínodo no Mês Missionário Extraordinário
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Não se trata de uma justaposição de realidades distintas, mas sim de uma feliz coincidência: a vontade de continuar a missão do Mestre num tempo e num lugar muito concretos; num tempo que nos interpela para a urgência de agir antes que a degradação ambiental e a degradação social atinjam um ponto de não retorno.

 

O Sínodo na busca da fidelidade ao Senhor

Porque a fé constitui uma dinâmica em permanência, nada poderá ser dado como adquirido de forma definitiva e imutável. Por isso, o Papa entendeu convocar mais um Sínodo especial, neste caso para tratar da Amazónia, uma extensa região atingida por uma crise ecológica que se aproxima da catástrofe e, ao mesmo tempo, mergulhada numa crise social, que precisa de novas perspetivas para ser superada. Esta foi também a razão da Encíclica “Laudato Si” e que o Sínodo procura desenvolver, conduzindo a uma ecologia integral, isto é, uma situação em que os aspetos espirituais não estão separados dos aspetos sociais.

Este revigoramento da visão exige a tal conversão ecológica, em que a pessoa humana vai moldando o seu agir conforme a linha orientadora nascida da unidade entre o religioso e o material. Isso exige vontade, esforço e persistência. É preciso debater propostas e estratégias para a preservação da biodiversidade, das comunidades tradicionais e desenvolver um modelo económico sustentável. A Igreja não o vai apresentar, mas quer denunciar os males provocados pelo atual modelo político e económico, colocando-se assim em defesa do meio ambiente, usado e abusado com o fito de um lucro rápido e fácil que esquece ou secundariza o primeiro valor da sociedade que é a pessoa humana. Por isso, diz o “Instrumento de trabalho”: “a destruição múltipla da vida humana e ambiental, as enfermidades e a contaminação dos rios e terras, o abate e queima de árvores, a perda maciça da biodiversidade, o desaparecimento de espécies constitui uma crua e dura realidade que a todos nos interpela.”

 

Encontrar novos caminhos para a evangelização

Desde o início que a Igreja se sente chamada a sair e a ir a todo o mundo anunciando o Evangelho. As populações que vivem na região e muito especialmente os indígenas necessitam do anúncio de sempre, mas feito com linguagem adequada ao tempo e às pessoas. Isso nos encaminha para uma nova atitude: uma abordagem humilde por parte do mensageiro, sempre necessitado de conhecer o destinatário. Por isso sair de si mesmo, sair das suas categorias e deixar-se confrontar com as dos outros, descobrir as riquezas e os valores presentes e talvez desconhecidos naqueles a quem se pretende anunciar constitui o primeiro passo da missão; só assim a saída geográfica tem sentido.

Isto escapa aos ‘haters’ do Papa Francisco, aqueles que detestam as suas posições, aqueles que, encerrados nos limites padronizados das suas mentes, têm dificuldade em entender a sinodalidade que ele propõe e que significa que, antes de decidir, ele quer ouvir os seus irmãos bispos, padres, leigos, e também especialistas na matéria. Para os ‘haters’, tudo o que o Papa faz ou diz é errado, mau ou herético. Como escreve Michael Winters, “estas acusações histéricas de heresia e erros, dizem-nos mais sobre os acusadores do que sobre o acusado”.

 

Expressões da Missão

Durante o Sínodo, está patente na Igreja de Santa Maria, junto ao Vaticano, uma exposição sobre as consequências da mineração na Amazónia. A mineração, os incêndios, a desflorestação, as monoculturas intensivas constituem cartas do mesmo baralho na provocação do caos ecológico e social. Por isso a iniciativa, apresentando o impacto da mineração na vida do meio ambiente e das populações, denuncia o mal e desperta a consciência do mundo para o inaceitável. Fazer isso é sair da zona de conforto e anunciar que, antes do lucro fácil e rápido, estão as pessoas e o respeito pelo planeta que é a Casa Comum de todos. Isso é exigido pela missão; isso é missão. É com alegria que vou lendo as informações sobre o envolvimento dos missionários e suas comunidades na defesa dos indígenas e populações ribeirinhas da Amazónia, ou das comunidades locais nas minas de manganés na ilha de Flores, ou na oposição à destruição da floresta tropical na ilha de Bornéo, ou na dedicação de companheiros trabalhando com uma população multicultural, multilíngue e multirreligiosa nalgumas regiões da Índia buscando sobretudo saída para os problemas dos membros das tribos e dos dalits, entre os quais estão os relativos ao uso das terras. Também para a missão nesses lugares o Sínodo quer abrir perspetivas.

texto pelo P.Valentim Gonçalves, CJP-CIRP
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