
De que serve encher a praça pública de descontentamentos, críticas daqui e dacolá, incentivos a manifestações, greves, e tantas outras formas ditas democráticas de expressar a opinião se, depois, não se aproveita o instrumento que é dado ao povo para, verdadeiramente, ditar o que se pensa? Depois da noite eleitoral do passado Domingo, ficámos a perceber que a indiferença permanece e aumenta. Digo indiferença, porque uma abstenção com a percentagem deste ano só pode ser sinal disso mesmo, pois quem quer protestar contra algo deve, com certeza, ter uma opinião, nem que essa seja expressa pelo voto em branco ou nulo. Mas deixar de votar é ser indiferente em relação ao mundo que nos rodeia e àquilo que é o destino de um país, com todas as implicações que isso tem, não apenas para os outros, mas, também, para quem é indiferente. Logo, sou indiferente, também, para comigo?
Infelizmente há, no mundo, muita indiferença, em relação aos que são mais frágeis, aos pobres, aos que são obrigados a migrar para encontrar segurança na vida, aos que estão doentes, aos que são abandonados, aos que sofrem e são marginalizados. Mas, diante da indiferença dos outros, Deus aproxima-se, com a sua compaixão. “A compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes a indiferença é a linguagem humana”, afirmou recentemente o Papa Francisco, explicando que a compaixão “não é um sentimento de pena”, mas é “envolver-se no problema dos outros, é arriscar a vida ali”. Precisamos arriscar mais, sair mais, envolver-nos mais. Seremos capazes de olhar para o mundo com compaixão?
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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