Liturgia |
Os Padres da Igreja ao ritmo da Liturgia
«Paz a esta casa»
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«Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos». (Is. 66, 12-14a).

 

Santo Agostinho, doutor da Igreja, enquanto bispo de Hipona, numa manhã de Páscoa no séc. V, dirigiu-se assim aos neófitos (Sermão 288B, 1-4):

Nosso Senhor Jesus Cristo ofereceu, ao morrer por nós, o que ao nascer tomara do nós. Constituído sumo sacerdote para sempre, estabeleceu esta nova maneira de sacrificar que aqui vedes, em que se oferece nada menos que o seu próprio corpo e o seu próprio sangue. Quando o seu lado foi ferido pela lança, dele brotou água e sangue para lavar os nossos pecados. Lembrai-vos desta graça, trabalhai pela vossa própria salvação; recordai-vos que é Deus quem trabalha em vós, e aproximai-vos, com temor e tremor, da comunhão, da participação deste altar. Reconhecei no pão aquele que esteve suspenso na cruz, reconhecei no cálice o que brotou do seu lado…

Recebei, então, e comei o corpo de Cristo, pois vos tornastes membros de Cristo no corpo de Cristo. Recebei e bebei o sangue de Cristo. Para não vos desagregardes, comei o que há-de unir-vos. Para não vos considerardes sem valor, bebei o vosso preço. Tal como estas coisas se convertem em vós, quando as comeis e bebeis, assim vos converteis vós em corpo de Cristo quando viveis com obediência e piedade… Aspergido o coração numa consciência pura, e lavado o corpo com água limpa, aproximai-vos d'Ele e sereis iluminados, e não ficareis de semblante abatido. Se receberdes dignamente este mistério do Novo Testamento, pelo qual esperais a herança eterna, e se cumprirdes o mandamento novo de vos amardes uns aos outros, tereis a vida em vós. Com efeito, comeis aquela carne da qual disse a própria Vida: O pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo. Se não comerdes a minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós.

Tendo, pois, a vida n'Ele, formais um só corpo com Ele, porque este Sacramento recorda de tal modo o corpo de Cristo, que vos une com Ele. Isto é o que, segundo o Apóstolo, está predito na Sagrada Escritura: Serão os dois uma só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja. E noutro lugar diz desta mesma Eucaristia: Somos muitos, mas somos um único pão e um só corpo. Começais a receber agora o que começastes a ser, se não o receberdes indignamente, pois isso seria comer e beber a vossa condenação… Recebê-lo-eis dignamente, se fugirdes do fermento da má doutrina, para serdes ázimos da sinceridade e da verdade, ou se houver em vós o fermento da caridade que aquela mulher escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado. Esta mulher é a sabedoria de Deus, que tomou carne mortal na Virgem, a sabedoria de Deus, que estendeu o Evangelho por todo o orbe da terra, quer dizer, as três medidas, ou seja, os descendentes dos três filhos de Noé, que povoaram o mundo após o dilúvio até que ficou tudo levedado. Esta palavra tudo diz-se em grego olov, e assim, guardando o vínculo da paz, sereis vos em tudo, Katholov, donde vem o nome à Igreja católica.

(MA 1,18-20; NBA 32/1; Antologia Litúrgica 3885-3887a)


Foto:

Noé recebe o anúncio do fim do dilúvio.

Pormenor do sarcófago paleocristão “de Jonas”

c. 300 d.C.

Museus Vaticanos, Museu Pio Cristão, inv.31448

Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa
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