Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Com tudo o que somos
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“Vale a pena apostar na família. Não deixeis que vos roubem o amor a sério”. Estas são duas frases das muitas que retenho do novo documento que o Papa Francisco publicou esta semana, ‘Cristo Vive’, a exortação apostólica pós-sinodal, dirigida aos jovens e a todo o Povo de Deus. Numa linguagem muito concreta, acessível e num tom informal, o Santo Padre dirige este texto deixando muitos apelos, mas também muitas respostas àquelas que podem ser as interrogações dos jovens. Deixa, ainda, muitos sinais de esperança para a transformação de um mundo que vai procurando a sua autossatisfação e que se deixa levar por correntes individualistas de prazer e de realização que conduzem à sua destruição.

Vamos assistindo, com frequência, à dificuldade na valorização da família, na preservação dessa estrutura essencial na sociedade, porque muito facilmente se desiste de um projeto que até pode ter sido sonhado, mas não devidamente alimentado. Dirigindo-se aos jovens, o Papa Francisco, lembrando que hoje se vive numa “cultura do provisório” destaca que o Sacramento do Matrimónio envolve o amor de um homem e de uma mulher com a graça de Deus. “Enraíza-o no próprio Deus”, sublinha, afirmando que “com este dom, com a certeza deste chamamento, é possível partir seguros, não se ter medo de nada, pode-se enfrentar tudo, juntos”. Este “tudo” é, infelizmente, muitas vezes esquecido ou posto de lado quando chegam as dificuldades. Talvez faça falta mais esta certeza, da parte dos jovens, antes de assumirem o seu compromisso diante de Deus. E, por isso, Francisco lembra: “o amor entre um homem e uma mulher, quando é apaixonado, leva-te a dar a vida para sempre. Sempre! E a dá-la com corpo e alma”. Francisco não diz para dar a vida na metade do que somos, ou apenas uma parte, mas com tudo o que somos e tudo o que se tem para dar, com o objectivo também de gerar vida.

Mesmo quando os problemas existentes nas famílias de origem levam os jovens a questionarem-se sobre a possibilidade de constituírem família, sobre a fidelidade, a generosidade, o Santo Padre diz claramente: “Vale a pena apostar na família e nela encontrarão os melhores estímulos para amadurecer e as mais belas alegrias para partilhar. Não deixeis que vos roubem o amor a sério. Não vos deixeis enganar por aqueles que vos propõem uma vida de desenfreamento individualista, que, por fim, conduz ao isolamento e à pior solidão”. Por isto, fica o apelo a que cada um se eduque a si mesmo “ao amor, à paciência, à capacidade de diálogo e de serviço”, recordando ainda que a sexualidade também precisa ser educada “para que seja cada vez menos um instrumento para usar os outros e cada vez mais uma capacidade de se entregar plenamente a uma pessoa, de modo exclusivo e generoso”.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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