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A Liturgia ao ritmo dos Padres da Igreja
O Baptismo
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Quando todo o povo recebeu o baptismo, Jesus também foi baptizado; e enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele… E do céu fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência». (Lc. 3, 21-22)

 

São Paciano, bispo de Barcelona (Hispânia Tarraconense) no séc. IV, quando pregava costumava afirmar: «cristão é o meu nome e católico o meu apelido». No seu Sermão sobre o Baptismo 6, expõe:

Na plenitude dos tempos Cristo nasceu de Maria, assumindo uma alma e um corpo. Esta é a carne que Ele veio salvar, porque não queria deixá-la em poder da morte; por isso uniu-a ao seu espírito e tornou-a sua. Estas são as núpcias pelas quais o Senhor Se uniu à natureza humana; e assim se realizou aquele grande mistério, segundo o qual Cristo e a Igreja são dois numa só carne.

Destas núpcias nasce o povo cristão pela virtude do Espírito do Senhor que desce do alto. Com o gérmen celeste, que desce às nossas almas e nelas se infunde, vamo-nos formando no seio maternal da Igreja, que nos dá à luz para a vida nova em Cristo. Por isso diz o Apóstolo: O primeiro Adão tornou-se alma vivente, o último Adão é espírito vivificante. Deste modo nos gera Cristo na Igreja por meio dos seus sacerdotes, como diz o mesmo Apóstolo: Eu vos gerei em Cristo. E assim o gérmen de Cristo, isto é, o Espírito de Deus, dá origem, pelo ministério do sacerdote e a virtude da fé, ao homem novo, formado no seio maternal da Igreja e dado à luz na fonte baptismal.

(De baptismo; Cl. CPL 563; PL 13, 1089; BibAutBarc, p. 162-174; SCh 410, 148-165).

 

 

Santo Ambrósio, bispo de Milão no séc. IV e doutor da Igreja, verdadeiro pastor e mestre dos fiéis, exercitou de modo singular a caridade para com todos. Numa pregação aos neófitos, que lhe é atribuída, sobre os Sacramentos I, 5, 15-19, refere:

Viste a água. Contudo, nem toda a água cura. Só cura a água que tem a graça de Cristo. Há uma diferença entre o elemento e a santificação, entre o acto e a eficácia. O acto realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura, se o Espírito Santo não descer e não consagrar esta água. Tu já leste isso: quando nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do baptismo, veio ter com João, e João disse-lhe: Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e tu vens a mim? Cristo respondeu-lhe: Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça. Repara como toda a justiça é colocada no baptismo.

Por que razão desceu Cristo, senão para que a carne fosse purificada, essa carne que Ele tomara da nossa condição? Cristo não precisava de ser purificado dos seus pecados, pois não cometera pecados, mas nós precisávamos, nós que permanecemos sujeitos ao pecado. Portanto, se o rito do baptismo foi instituído para nós, é à nossa fé que ele é proposto.

Cristo desceu, e João, que baptizava, estava lá. E eis que o Espírito Santo desceu como uma pomba. Não foi uma pomba que desceu, mas como se fosse uma pomba. Cristo tomou verdadeiramente carne, ao passo que o Espírito Santo desceu do Céu sob a aparência duma pomba; não na realidade duma pomba, mas sob a aparência duma pomba. João viu e acreditou.

Cristo desceu, e o Espírito Santo também desceu. Porque é que Cristo desceu primeiro e em seguida desceu o Espírito Santo, e no rito habitual do baptismo se começa por consagrar a fonte? ... De facto, quando o bispo entra, faz imediatamente o exorcismo sobre a água; depois faz a invocação e a oração para que a fonte seja santificada e nela esteja a presença da Trindade eterna, ao passo que Cristo desceu primeiro, e a seguir é que veio o Espírito Santo. Porquê? Para que não parecesse, por assim dizer, que o Senhor Jesus precisava do mistério da santificação, mas para que Ele próprio santificasse e o Espírito Santo santificasse também.

Cristo desceu à água, e o Espírito Santo desceu como uma pomba. Por sua vez, Deus Pai falou do Céu. Aqui tens a presença da Trindade.

(De sacramentis; Cl. CPL 154; PL 16, 417 [435]; CSEL 73, 13-85; SAEMO 17; SCh 25bis).

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