Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Intervenção Rezada e Animada
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Vejo reportagens, notícias, posts nas redes sociais de gente irada e revoltada por maus tratos aos animais. Fazem-se campanhas e manifestações por causa das touradas e de outras ‘touradas’ que tais. Criam-se milícias para salvar animais em situação de eventuais maus tratos ou poucos cuidados, porque afinal, muitos querem ter animais em casa, mas para uma satisfação própria, que só serve em determinados momentos. Outros adoptam animais, porque não querem ter filhos: dão muito trabalho e há uma vida social a manter, ou então, a vida está má, não dá para educar os filhos, mas dá para tantas outras coisas! Sobre isto, podem dizer-me: “são opções!” Bom, gerar a vida não é só uma opção, é um acolher um dom e é também um contributo à humanidade, porque sem filhos pode a humanidade continuar? Por vezes questiono-me porque não querem os verdadeiros casais gerar vida, e aqueles que na sua natureza não o são e não o podem fazer, querem-no tanto? Está tudo ao contrário!

Numa rápida pesquisa à Base de Dados Portugal Contemporâneo PORDATA verifica-se que a taxa de natalidade no nosso país baixou muito nos últimos anos, atingindo em 2013 a taxa mais baixa de 7,9 por cada mil nascimentos, e uma ligeira subida nos últimos quatro anos, estabilizando em 2016 e 2017, em 8,4 por cada mil. Estamos, também, no Top 9 dos países da União Europeia onde mais a população diminuiu. 

Mas sejamos sinceros, reconheço ser mais fácil adoptar um animal do que adoptar uma criança. É normal que assim seja, mas, por vezes, é mesmo muito difícil dar novos lares a crianças. Seja pela entidade que tutela, seja por quem acolhe. Mas, depois, na busca, a criança tem de ser perfeita: não pode ter defeitos – quem os não tem? Acredito que se pudéssemos, colocaríamos num computador as características que gostaríamos para os genes de uma criança e a máquina reproduziria, tudo, num instante, segundo a vontade de cada um. Mas será que a vida era a mesma coisa? Há quem assim pense e mesmo sem a tecnologia, conheço quem tivesse escolhido para pai de uma criança alguém que se destacava pelas suas características, naturais e culturais, mas que não era efectivamente pai. Depois há os Pais que não são mesmo Pais porque não respeitam e não sabem acolher o dom que lhes foi dado.

Felizmente tenho a alegria de conhecer, também, quem foi capaz de abrir o coração para acolher crianças com grandes dificuldades, problemas, e até com deficiências. Esses não são heróis, são simplesmente humanos, com um coração grande, capaz de amar. Porque em tudo isto há uma certeza: aquele que ama incondicionalmente, recebe um Amor maior. E gostava de ver mais com esta vontade de defender a vida humana em todas as dimensões, do nascimento até à morte, como uma Intervenção Rezada e Animada.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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