Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
A missão é de todos
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Numa altura em que se fala muito de clericalismo – ou seja, do poder que os clérigos possam ter, ou do facto de se poderem sentir superiores aos outros e, como já o disse o Papa Francisco, por isso “se afastarem das pessoas e não terem tempo para escutar os pobres, os que sofrem, os presos, os doentes...” –, devo dizer que pela minha vida têm passado testemunhos que nada têm a ver com isso. Se hoje vivo o ministério sacerdotal deve-se ao chamamento de Deus, mas também a testemunhos que encontrei de vidas de entrega, simplicidade, humildade, proximidade e de muita confiança e abertura à participação dos leigos na Igreja.

Se antigamente poderia haver uma mentalidade fechada nesse aspeto, o Concílio Vaticano II veio trazer mudanças que talvez não se tenham efetivado totalmente por resistências que sempre foram acontecendo na história da Igreja. Por vezes, há vozes que se querem fazer ouvir, com vista à realização de um novo Concílio na Igreja Católica; no entanto, vamos percebendo que há tanto ainda por descobrir, ou talvez por concretizar, para a receção do Concílio Vaticano II.

Esta semana, o Papa Francisco trouxe-nos mais uma novidade. O Sínodo dos Bispos – órgão consultivo do Santo Padre, instituído com o Concílio Vaticano II, pelo Papa Paulo VI, que procurava unir a si os bispos de todo o mundo no governo da Igreja universal –, vai passar a integrar todos os batizados no seu processo. A poucos dias do início do Sínodo dos Bispos que, em Roma, vai refletir sobre a Pastoral Juvenil e o discernimento vocacional, o Papa Francisco publicou a Constituição Apostólica ‘Episcopalis communio’ sobre o Sínodo dos Bispos, onde manifesta esta intenção, apresentando a estrutura da Assembleia sinodal constituída também por leigos. Uma novidade que retoma e, assim, aplica o Concílio Vaticano II, no que se refere à participação do Povo de Deus na missão da Igreja. Refere o Papa Francisco, no número 6 deste novo documento: “O Sínodo dos Bispos deve tornar-se sempre um instrumento privilegiado de auscultação do Povo de Deus (...). Ainda que a sua composição se configure como um organismo essencialmente episcopal, o Sínodo não vive, portanto, separado do resto dos fiéis”. Assim se percebe esta vontade de que haja maior participação de todos no que se refere à vida da Igreja. Já assim aconteceu no Sínodo dos Bispos sobre a Família, e o mesmo sucede agora com a Assembleia Sinodal que vai reunir, durante o mês de outubro, e para a qual já contou, com vista à sua preparação, com a participação dos jovens de todo o mundo.

Numa dimensão mais reduzida, na vida das chamadas Igrejas particulares (dioceses e paróquias) também é suposto que exista esta participação. Recentemente, na nossa diocese, vivemos um Sínodo Diocesano, que contou com a participação de milhares de pessoas na sua preparação, e diversos leigos e jovens na sua realização. Nas paróquias, o mesmo deverá acontecer quando se reúne o Conselho Pastoral Paroquial – um órgão consultivo que deve ajudar o pároco no pensar e concretizar a pastoral de uma comunidade. Porque, afinal, todos somos Igreja e a missão é de todos.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

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