Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Uma carta inesperada
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Na passada semana publicámos, neste jornal, a carta que o Papa Francisco enviou ao Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente, a propósito da nota para a recepção do Capítulo VIII da Exortação Apostólica ‘Amoris laetitia’, publicada em meados do passado mês de fevereiro, e dirigida ao clero desta diocese, pelo seu respectivo Bispo.

Sobre este documento, que na altura gerou polémica desnecessária demonstrando, em muitos meios, uma falta de conhecimento dos documentos nos quais foi fundamentada, escrevi aqui na altura que “a nota de D. Manuel Clemente não traz nada de novo em relação àquilo que o Papa Francisco defende”.  Para além da própria posição do Papa Francisco manifestada no texto da ‘Amoris laetitia’, sobre o Sacramento do Matrimónio e a preocupação, cuidado e atenção pastoral a ter com os casais em situação de segundo casamento, o referido documento teve, também, por base, a interpretação apresentada pelos Bispos da região de Buenos Aires, na Argentina, que Francisco reconheceu como “a interpretação mais correcta”.

O texto de D. Manuel Clemente, escrito com todo o cuidado e solicitude pastoral, procurou ser como que um manual de instruções dirigido aos sacerdotes do Patriarcado de Lisboa. Uma ajuda esperada e desejada para aqueles que tem a missão efectiva e concreta de acompanhar os casais, ajudando, assim, a discernir e a apontar caminhos para uma vida de santidade que, recordou-nos recentemente o Papa Francisco na nova Exortação Apostólica ‘Gaudete et exsutalte’, “é para todos”.

Deste modo, a carta do Papa enviada a D. Manuel Clemente, inesperada pelo próprio, como já o afirmou publicamente, vem atestar e reforçar que, ao contrário do que se ouviu e viu publicado, o Patriarca de Lisboa não defende posições contrárias ao Papa Francisco. Esta carta, conforme pudemos ler, agradece e felicita a “aprofundada reflexão”, que “encheu de alegria” o Santo Padre porque reconheceu nela “o esforço do pastor e pai que, consciente do seu dever de acompanhar os fiéis, quis fazê-lo começando pelos seus presbíteros para poderem cumprir da melhor forma o ministério”, salienta Francisco.

Esta é, claramente, uma carta que vem corroborar a nota do Patriarca de Lisboa, da qual foi destacado para a polémica, apenas, um pormenor (a vida em continência) que, não sendo o essencial do “aprofundado” documento, é também proposta da Igreja Católica aos casais, não apenas hoje, e reconhecida por Francisco. Mais uma vez se comprova que o olhar sobre um texto ou uma notícia depende de quem a vê ou lê, mas as lentes também contam.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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