Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Jovens, matrimónio e santidade
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Foi publicado esta semana o texto que vai servir de instrumento de trabalho para o próximo Sínodo dos Bispos, a realizar no próximo mês de outubro, sobre os jovens. Depois de uma auscultação a nível mundial, através de um questionário online, dos relatórios enviados pelas diversas Conferências Episcopais, e da reunião pré-sinodal realizada em Roma no passado mês de março, com a presença de jovens, também portugueses, o Vaticano dá a conhecer o instrumento de trabalho (Intrumentum laboris) que vai servir de reflexão para as reuniões sinodais do próximo mês de outubro. Este é um documento que merece uma leitura atenta e cuidada, que nos ajuda a perceber a realidade juvenil em todo mundo, o que são as suas preocupações, ambições, dificuldades, desejos, até para uma Igreja que pedem mais próxima.

Composto por 214 pontos, este documento divide-se em três partes, organizado segundo as temáticas que vão estar em reflexão na Assembleia Sinodal, segundo o método do discernimento recorrendo aos verbos ‘reconhecer’, ‘interpretar’ e ‘escolher’. São reflexões que deverão ajudar os padres sinodais e todos aqueles que vão tomar parte neste Sínodo, mas são de grande importância para uma reflexão continuada sobre a juventude e sobre os caminhos a trilhar.

Neste documento, publicado apenas em italiano, percebe-se, a partir da auscultação, que a família “continua a representar uma referência privilegiada no processo de desenvolvimento integral da pessoa”. No entanto, é referido que em determinadas áreas os modelos tradicionais de família “estão em declínio” e que os jovens sublinham também “que as dificuldades, as divisões e as fragilidades das famílias são fonte de sofrimento” para muitos deles. Existem muitas outras preocupações, outras dificuldades apontadas, mas nesta auscultação a família, e as relações familiares, é dos primeiros pontos a serem abordados.

Segundo este documento, a relação entre os jovens e as suas famílias não é uniforme. Isto é, se por um lado em alguns lugares as tradições familiares “passam de moda”, noutros lugares “os jovens procuram a sua identidade, enraizando-se nas tradições familiares e esforçando-se por serem fiéis à educação recebida”. Estas situações, aponta o Intrumentum laboris do Sínodo, pedem que seja averiguada “com maior profundidade a relação entre a cultura juvenil e a moral familiar”, tema onde se percebe uma distância cada vez maior entre eles. No entanto, aponta este documento de trabalho, “ainda existem jovens interessados em viver relações autênticas e duradouras e que encontram na Igreja preciosas indicações”. Assim, matrimónio e família ainda são “desejos e projectos que os jovens tentam realizar”. Desejos que passam por uma busca de santidade, um modo de vida que significa seguir Jesus Cristo, na doação total de si próprio e para a qual contribuem, em muito, os exemplos de vida. Os santos na história da Igreja são referência, também para os jovens que se manifestam mais receptivos a acolher a “uma narrativa de vida, que a um sermão teológico abstracto”. Por isso, acrescenta o documento, torna-se importante apresentar esses santos “de modo adaptados às suas idades e condições”. O mesmo será dizer que, cabe-nos a todos, sermos esse exemplo de santidade.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

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