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Novo portal da agência de notícias da Conferência Episcopal Portuguesa
Agência Ecclesia apostada em “consolidar” a rede de comunicação na Igreja
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A procura por dar uma “maior relevância” às noticias sobre a Igreja em Portugal e a capacidade de intensificar a “proximidade” com os diferentes públicos são os novos objetivos da agência de noticias da Igreja Católica. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, o diretor, Paulo Rocha, apresenta o trabalho da Agência Ecclesia que, recentemente, inaugurou o seu novo portal online.

 

Recentemente, o portal online da Agência Ecclesia (www.agencia.ecclesia.pt) apresentou-se reformulado, “com uma forma mais interessante de olhar para as notícias, que passa por criar beleza na sua apresentação e integrar outras plataformas como o vídeo e o áudio”. Segundo o jornalista e diretor da agência de notícias da Igreja Católica em Portugal, Paulo Rocha, a ideia é aproveitar as “vantagens das redes sociais”, conta ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Com os desenvolvimentos das redes digitais, fomos percebendo que era preciso criar mecanismos para levar as notícias até aos públicos. Neste momento, o desafio é o de fazer com que as notícias produzidas, e que são no formato de agência – que queremos manter –, possam ir além desse formato. Há que produzir conteúdos em áudio, vídeo, etc.”, aponta.

 

Paulo Rocha entrou para a Agência Ecclesia em 1996. Anos antes, lembra-se de folhear o ‘Semanário Ecclesia’, em formato papel. “Mal sabia eu que, passados uns anos, vinha cá parar. Cheguei numa altura em que o ritmo era o do semanário. O horizonte de fazer uma agência de notícias da Igreja, com um ritmo diário, foi amadurecendo e, por volta do ano 2000, começámos a publicar online, no momento dos acontecimentos e não apenas no dia em que saía o semanário”, recorda.

 

Diferentes públicos

No ano 2010, com a criação do livro de estilo da Ecclesia e com a visita do Papa Bento XVI a Portugal, a agência ganha um novo impulso e, com isso, novos desafios, tal como a partilha dessas noticias pelos públicos “diferenciados” que procuravam e procuram ter. Atualmente, os destinatários das notícias escritas diariamente agrupam-se em três tipos. Em primeiro lugar, e com menor expressão, o público especializado. “É o público profissional que procura a informação, sejam jornalistas, órgãos de comunicação social e profissionais que ali vão à procura de notícias”, explica Paulo. Do segundo grupo, mais considerável do que o anterior, fazem parte todos os que seguem as notícias do Papa, em português. “Neste caso, o horizonte alarga-se ao Brasil e aos países de língua portuguesa, em África. Vemos que há muita procura e interesse por saber, em português, o que o Papa diz e no formato de agência de notícias”, descreve o diretor da Ecclesia. Por último, o público com maior expressão é aquele que procura por conteúdos litúrgicos ou pastorais. “Curiosamente, há um grande grupo de pessoas que procuram conteúdos litúrgicos – que passam essencialmente pelos comentários à liturgia de Domingo – e até o estilo de notícias que visualizam são aquelas que têm a ver com a liturgia ou que remete para alguma curiosidade da Igreja Católica”, aponta Paulo Rocha.

 

Informação mais constante

Atualmente, com a redação nas novas instalações da Conferência Episcopal Portuguesa, na Quinta do Bom Pastor, na Estrada da Buraca, em Benfica, Lisboa, o desafio da Agência Ecclesia passa pela criação de uma “permanência informativa mais constante”, procurando dar uma “maior relevância” às noticias sobre todas as dioceses portuguesas. “Temos a redação em Lisboa, com uma dúzia de pessoas que fazem as notícias, os programas de televisão e de rádio, e é impossível estarmos pelo país inteiro, à procura do que vai acontecer. Por isso, fizemos recentemente uma reestruturação da redação onde cada jornalista está atento a duas ou três dioceses para que, não só esperemos aquilo que vá chegando, mas, como todos os jornalistas têm que fazer, possamos ir à procura daquilo que acontece, porque, de facto, todas as dioceses têm acontecimentos relevantes, todas as semanas. Queremos que a informação sobre cada uma das dioceses tenha uma permanência mais significativa no portal”, deseja o diretor da Agência Ecclesia.

Paralelamente, a proximidade com os seguidores online também vai sendo intensificada. No início de 2017, a Agência Ecclesia iniciou o envio diário, por email, de uma newsletter personalizada, logo nas primeiras horas do dia. A iniciativa “revelou-se bastante positiva”, a julgar pelo feedback recebido. “Há uma narrativa pessoal em cada uma das newsletters que se enviam. O texto é feito, à vez, por todos os jornalistas da redação e cada um tem um estilo de contacto diferente com os leitores. Desta forma, o próprio jornalista também se expõe e vai criando essa proximidade com o leitor”, considera Paulo Rocha.

 

Serviço público

Dando cumprimento ao serviço público, que está determinado para as diferentes confissões religiosas em Portugal, a Ecclesia está presente diariamente, com formatos próprios, na televisão (RTP 2) e na rádio (Antena 1). Contudo, as horas em que são emitidos os programas nem sempre são fixas, o que tem provocado algum desconforto. “O que se passou no dia de Natal pareceu um pouco estranho porque, nesse dia, em que se celebra o nascimento de Cristo e em que o conteúdo está relacionado, o programa Ecclesia, na RTP 2, foi emitido às 7h00 da manhã, ficando assim a mensagem cristã ‘escondida’, num dia cristão por excelência que é o Natal. Claro que é um assunto que também preocupa algumas pessoas na RTP, mas, de facto, pareceu estranho”, lamenta Paulo Rocha. Na Antena 1, por exemplo, “quando há um jogo de futebol, o programa cai ou passa para outras horas, mais desoras”, aponta.

 

Rede de colaboração

O futuro da Agência Ecclesia vai passar por “ativar cada vez mais a rede de comunicação que já existe na Igreja Católica, nas várias dioceses”. “Mais do que estar a duplicar meios, interessa ativar esta rede de colaboração que existe entre todos”, refere Paulo Rocha, enunciando outro dos objetivos da agência noticiosa: “Queremos garantir que a comunicação que fazemos seja sempre uma comunicação informativa, como agência de notícias, e não como uma assessoria de comunicação da Conferência Episcopal Portuguesa. Mantendo este perfil, a comunicação da Igreja lucra, e muito. Queremos também que o leitor, quando lê uma notícia escrita pela nossa redação, não consiga diferenciar se é escrita pela agência que pertence à Conferência Episcopal ou por outra”, salienta.

Para Paulo Rocha, todo este caminho traçado para conseguir oferecer uma maior informação sobre o que acontece em cada uma das dioceses portuguesas, movimentos, grupos e congregações é algo que vai resultar muito do esforço dos profissionais que constituem a Agência Ecclesia. “Isso vai depender muito de nós, da nossa pró atividade, da nossa iniciativa, da nossa reportagem e vai depender também, e muito, da rede que nós conseguirmos consolidar. Com isto não quer dizer que queremos dominar a informação, mas sim acentuar uma marca na comunicação que nos deve identificar, a todos, enquanto Igreja Católica em Portugal. Se formos continuando a falar por segmentos, temos muito menos possibilidades de chegar mais longe”, observa o diretor da Agência Ecclesia.

 

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Pode consultar as últimas notícias da Igreja em Portugal, através do portal da Agência Ecclesia, em www.agencia.ecclesia.pt

 

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Bispos vão debater plano de comunicação

A Conferência Episcopal Portuguesa anunciou, no passado dia 9 de janeiro, que vai promover uma “reflexão mais alargada sobre a Comunicação Social da Igreja”, na próxima Assembleia Plenária, entre os dias 9 e 12 de abril. Para o diretor da Agência Ecclesia, este plano de comunicação que irá ser debatido, e que tem as suas origens na Carta Pastoral ‘Na era da Comunicação Social’, da CEP, publicada em 2002, depende ainda de “uma parte operacional que é preciso concretizar”. “Como em todas as instituições, uma comunicação institucional que é preciso promover e fazer interna e externamente, de acordo com ambiente mediático de hoje”, refere Paulo Rocha, ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Pretende-se que a comunicação aconteça de forma mais organizada e isso tem uma consequência imediata que é não andar ‘a reboque’ dos acontecimentos mas tentar criar agenda. Não se trata de comandar os media, mas um dever de comunicar, que existe, e a existir, que seja bem cumprido, e de forma organizada”, observa.

 

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Padre Américo Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais: “A verdade não é negociável”

 

O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, padre Américo Aguiar, aponta a pertinência da escolha das ‘fake news’ para tema central da Mensagem do Papa Francisco para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que vai ser divulgada no próximo dia 24 de janeiro, e traça alguns perigos desta ameaça para a paz em todo o mundo.

 

O termo não é novo, mas o fenómeno cresceu na última campanha eleitoral nos Estados Unidos da América, com a acusação de uma eventual eleição ‘forjada’ do presidente Donald Trump. “É um fenómeno perigosíssimo para um relacionamento das pessoas e das instituições”, considera ao Jornal VOZ DA VERDADE o diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. Para este sacerdote, “este é um tempo em que parece que colocamos a hipótese, como cidadãos, de dispensar a figura do jornalista, ou seja, não precisamos de um intermediário para nos ver a realidade. Através das redes sociais, convencemo-nos que, diretamente, temos acesso a tudo e que não precisamos de alguém que tenha um código deontológico e que nos diga isto é ‘branco’, isto é ‘preto’, isto é ‘verde’. Depois, ainda mais grave, por vezes, parece que nem importa se é verdade ou se é mentira, a notícia por si. Esse não é o nosso código de conduta para nós, cristãos católicos ocidentais, nem é nem deve ser, nem quero que seja, o fenómeno do jornalismo de informação. Não podemos permitir que a verdade e a mentira sejam um pequeno pormenor da notícia”.

 

Pela verdade

Segundo o padre Américo Aguiar, o Papa Francisco é, provavelmente, “o líder mundial pelo qual maiores expectativas se geram em relação esta temática porque ele vê e tem acesso a informação que nós não temos e constata como estamos a fragilizar, com estas notícias, aquilo que é um bom entendimento entre os povos”. “Uma ‘fake news’ pode desencadear uma terceira guerra mundial. O Papa tem profunda consciência da gravidade desta situação”, considera.

Para este sacerdote de 44 anos, que é também presidente do conselho de gerência da Rádio Renascença, “a verdade não é negociável”. “Nós não somos os donos da verdade, mas temos que ser, e cada vez mais, arautos, exército daqueles que lutam, dão a vida por aquilo que é a verdade. O Papa, na sua mensagem, certamente que vai tocar no ponto mais sensível daquilo que significa um jornalismo consciente dos efeitos que pode ter, ou não ter, o colocar numa primeira página uma notícia que não confira a verdade para aqueles que são os destinatários”, perspectiva.

 

Mais ardor

Sobre os media católicos, o diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais considera que o papel de cada órgão de comunicação social da Igreja deve ser o de “proporcionar o encontro de cada um com Cristo”. “O Papa São João Paulo II, quando falava em nova evangelização, dizia que a nova evangelização tem que ser nova no ardor, nos métodos e nas expressões. Eu estou convencido que nós, quanto aos métodos e expressões, somos excelentes, mas quanto ao ardor do coração, às vezes, falha”, aponta o padre Américo, alertando para a determinação de “não criar uma paróquia tão digital que depois, no terreno, substitua os olhos nos olhos, o coração no coração e o clique e o toque”.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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