Foi há 51 anos que o Papa Paulo VI nos convidou a celebrar, sempre no primeiro dia do ano, o Dia Mundial da Paz. Para o efeito é apresentada ao mundo pelo Pontífice uma mensagem que quer ser um meio para reflexão de todos, sobretudo, deixando pistas muito concretas para governantes e não só, para que essa paz seja verdadeiramente possível.
Este ano, o Papa Francisco, dedicando a mensagem para o Dia Mundial da Paz aos migrantes e refugiados, como aqueles homens e mulheres em busca de paz, começa por observar que “a paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta”. Entre estes assinala “os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados”. Para que estes possam encontrar a paz que procuram, Francisco explica quatro verbos que aqui cito para a todos nos envolver nesta preocupação.
“Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.
«Acolher» faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal, de não repelir refugiados e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violências, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tutela dos direitos humanos fundamentais. Recorda-nos a Sagrada Escritura: «Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos».
«Proteger» lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mulheres e nas crianças que se encontram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: «O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva».
«Promover» alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução: deste modo poderão não só cultivar e fazer frutificar as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos outros, cultivando um espírito de diálogo e não de fechamento ou de conflito. A Bíblia ensina que Deus «ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário»; daí a exortação: «Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito».
Por fim, «integrar» significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais. «Portanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus»”.
Saibamos, todos, conjugar estes verbos para a Paz no mundo.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
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