Na audiência-geral da passada quarta-feira, o Papa Francisco referia-se à “existência humana” como “uma peregrinação, um caminho”. “Até mesmo aqueles que são movidos por uma esperança simplesmente humana, percebem a sedução do horizonte, que os empurra a explorar mundos que ainda não conhecem. A nossa alma é uma alma migrante. (...) No seu caminho no mundo, o homem não está, nunca, só. Sobretudo o cristão não se sente, nunca, abandonado porque Jesus nos assegura, não esperar-nos apenas no fim da longa viagem, mas de nos acompanhar em cada um dos nossos dias”.
Fixei-me nestas palavras e recordei-me de tantos que, por estes dias, caminham por essas estradas que conduzem a Fátima. Provavelmente, muitos sem qualquer motivação religiosa. Mas até a esses o Senhor tem a capacidade de se apresentar e de se fazer perceber, seja pelo silêncio que leva ao encontro consigo próprio, seja pelos outros que, na sua autenticidade e simplicidade de fé, podem tocar o coração.
Recordo a minha própria experiência de peregrino a pé, com mais ou menos quilómetros, do que tantos outros, e ocorrem-me memórias de caminho feito testemunhando e vivendo a presença deste Deus que se faz próximo. Perante o sofrimento pela dor de um membro que nos impede de caminhar, um ombro amigo aproxima-se e apoia-nos para não nos deixar para trás. Porque Deus apresenta-se assim. Muitas vezes até no anonimato, mas também em rostos tão próximos e conhecidos. O rosto de Deus é esse e pode estar mesmo aí. Porque, “no seu caminho no mundo, o homem nunca está só” e a vida do dia a dia vai sendo assim preenchida: com os empurrões de Deus.
A própria vida do Papa Francisco que, pelas suas palavras iluminadas pelo Espírito Santo e, ao mesmo tempo, tão vividas, vai demonstrando isto mesmo. A confiança nesta presença de Deus não apenas no fim da longa viagem mas na sua companhia no caminho que fazemos. A visita ao Egipto, neste fim-de-semana, é o exemplo mais recente disso mesmo.
No dia 4 de maio estreia, nas salas de cinema, o filme ‘Francisco: o Papa do Povo’. Esta é, para mim, uma película muito crua e dura porque retrata a difícil época do regime da ditadura na Argentina, no qual viveu o jovem, depois seminarista e padre, Jorge Bergoglio. Uma época que deixou marcas num povo, mas perante o qual Bergoglio sempre procurou estar presente ajudando, como presença do Deus de Amor e de misericórdia que hoje, no seu pontificado, nos vai mostrando.
Neste filme, que aconselho para que se possa perceber a origem deste ‘Papa do Povo’, é-nos mostrado um Deus que se faz próximo dos mais necessitados, dos excluídos, dos marginalizados, dos esquecidos. Um Deus que lava os pés aos doentes, que rejeita as injustiças, que se coloca ao lado pobre. Um Deus que caminha connosco.
P. Nuno Rosário Fernandes, diretor p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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