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Carmen Hernández (1930-2016), co-iniciadora do Caminho Neocatecumenal
Animada pelo amor à Igreja
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Faleceu aos 85 anos, Carmen Hernández, co-iniciadora do Caminho Neocatecumenal. Juntamente com Kiko Argüello e o padre Mario Pezzi, formava a equipa responsável desta “realidade eclesial” da Igreja, presente em todo o mundo. O Papa Francisco agradeceu a sua vida, “gasta pelo anúncio da Boa Nova” àqueles que estão “mais distantes” e “marginalizados”.

 

O Papa Francisco manifestou-se “emocionado” com a notícia da morte de Carmen Hernández. Numa mensagem enviada a Kiko Argüello, o Santo Padre dá “graças ao Senhor pelo testemunho desta mulher, animada por um sincero amor à Igreja, que gastou a sua vida ao anúncio da Boa Nova, em cada lugar, também aqueles distantes, não esquecendo os mais marginalizados”. No documento, Francisco assegurou “proximidade com todos os familiares e com todo o Caminho Neocatecumenal, (...), bem como a quantos apreciaram o seu ardor apostólico concretizado sobretudo, com um itinerário de redescoberta do batismo e de educação permanente na fé”.

A Missa de corpo presente foi celebrada, no passado dia 20 de julho, na Catedral de Almodena, em Madrid, e foi presidida pelo Arcebispo de Madrid, D. Carlos Osoro Sierra. Na homilia da celebração onde estiveram dezenas de Bispos, o arcebispo espanhol destacou o carácter missionário de Carmen Hernández. “Experimentou (...) a graça transformadora da palavra de Deus, quando se encontrou com Kiko, no meio dos pobres, e viu como isso tinha uma ressonância fascinante neles. Ali, também Carmen ficou fascinada”, afirmou D. Carlos Osoro.

O Arcebispo de Madrid assegurou também que o “crer na Ressurreição de Jesus Cristo provocou em Carmen um desejo missionário irresistível”, a partir de “três grandes paixões”: “Pôr a vida ao serviço do anúncio”; “Sentir a urgência de viver com um testemunho sincero e forte, realizado com franqueza e linguagem direta”; “Viver com um grande amor à Igreja (...) e ao sucessor de Pedro”.

 

Missão

Carmen Hernández nasceu em Ólvega, perto de Saragoça, Espanha, em 1930, e cedo se mudou, com a família, para Tudela – uma cidade próxima, onde passou a sua infância e juventude. Estudou Química, em Madrid, com o pai a projetar-lhe um futuro prometedor, mas sempre se sentiu “chamada pelo Senhor para a Missão”. Por isso, e impulsionada pelos testemunhos missionários que escutou durante a sua juventude, Carmen retirou-se, por oito anos, no Instituto das Missionárias de Cristo Jesus, em Barcelona. Depois, em estado laical, o desejo de formar uma equipa missionária na Bolívia preencheu as ideias de Carmen, levando-a a estudar Teologia, de forma a intensificar o seu compromisso religioso.

 

Periferia

É nos anos 60 do século passado, levada pelos “ventos” que sopravam do Concílio Vaticano II, que esta leiga volta a atenção para os mais pobres e marginalizados. Por intermédio da sua irmã, Pilar, que trabalhava como voluntária numa associação de reabilitação de prostitutas, no bairro pobre de Palomeras Altas, na periferia de Madrid, vem a conhecer um jovem, que se vestia de preto, andava com a Bíblia na mão e com uma viola... Chamava-se Francisco José Gómez-Argüello Wirtz, mais conhecido por “Kiko”. Era um reconhecido pintor que desistiu da sua carreira, e que após uma crise existencial profunda se converteu e deu a sua vida a Cristo e à Igreja, junto dos mais pobres de Madrid. Apesar de achar uma “loucura”, Carmen decidiu seguir o homem “com barba” e passou a viver também numa barraca, a 500 metros dele, sempre convencida de que podia ser uma ajuda preciosa para a sua missão na Bolívia. Mas ali, junto dos pobres, teve uma surpresa: descobriu que “a Igreja não foi feita por pessoas escolhidas, mas pelos pobres e fracos, porque é lá que Jesus Cristo se torna presente”. Este pensamento foi a base da pregação kerigmática que fez nascer, na periferia de Madrid, a primeira comunidade Neocatecumenal do mundo.

 

A mulher na Igreja

O Caminho Neocatecumenal chegou a Portugal em 1969, trazido por Kiko Argüello, que foi viver para a paróquia da Penha de França, em Lisboa. Atualmente existem três seminários ‘Redemptoris Mater’ no nosso país: em Lisboa (Caneças), Porto e Évora, e mais de 300 comunidades, espalhadas pelas dioceses do país.

Esta “realidade eclesial” da Igreja não tem parado de crescer em todo o mundo e, através de catequizações, já se criaram mais de 30 mil comunidades. Tem trazido milhares de pessoas à Igreja, tem enviado centenas de famílias em Missão, com os seus filhos – em particular, nos últimos anos, para a China –, tem levado para os seminários milhares de rapazes e outros milhares de raparigas para conventos de clausura. Para Kiko Argüello, Carmen foi uma inspiração para as raparigas que decidiram abraçar a vida consagrada. “Foi uma mulher livre. Muitas raparigas dizem que, com a Carmen, ganharam orgulho de serem mulheres. Ela demonstrou a importância da mulher na Igreja e foi a inspiração de muitas raparigas para irem para um mosteiro de clausura”, afirmou o iniciador do Caminho Neocatecumenal numa entrevista a uma rádio espanhola, após o falecimento.

 

Fábrica da vida

Na carta que escreveu para comunicar a Páscoa de Carmen Hernández, Kiko Argüello lembrou-a como “uma mulher forte” e manifestou-se “contente” por “saber que Nosso Senhor Jesus a levou consigo”. “Que enorme ajuda para o Caminho! Nunca me adulou, sempre a pensar no bem da Igreja. Que mulher tão forte! Nunca conheci ninguém parecido. Nos Anúncios, com os jovens e com o Papa, como agora em Cracóvia, dizia-lhes sempre: ‘A mulher é a coisa mais importante da Igreja, porque leva no seu seio a fábrica da vida. Por isso, na primeira página do Génesis e até ao fim do Apocalipse, o demónio persegue sempre a mulher’”, lembrou Kiko Argüello.

No último ano e meio, o estado de saúde de Carmen Hernández, com 85 anos, foi piorando bastante, sem se encontrar nenhuma doença específica. Faleceu, no passado dia 19 de julho, na sua casa, em Madrid. “Carmen está contentíssima com o Senhor que a ama muitíssimo!”, assegura Kiko Argüello.

texto por Filipe Teixeira, fotos D.R.
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