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Assistência espiritual e religiosa nos hospitais: o direito e o dever de a solicitar
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Contrariamente ao que por vezes pensamos, a doença não provém da vontade de Deus, nem o sofrimento é castigo. A doença atinge os bons e os maus, justos e injustos. A nossa natureza, porque é frágil, pode ficar enferma e adoecemos, como acontece a muitos outros seres vivos.

Para combater a doença e o sofrimento físico necessitamos de médicos, medicamentos, hospitais. E… o desânimo, a revolta, a falta de paz, o sem sentido, as dúvidas de fé, o desejo de morte que a doença provoca? Para o sofrimento da alma, que médico buscar e terapêutica procurar? Mas podemos falar também do gosto da intimidade com Deus, do desejo de receber a eucaristia, de querer viver e celebrar a fé…

Quando estamos doentes, fará mal ter a visita do padre, orar, receber a comunhão ou Santa Unção, viver e celebrar a fé? Ou será isso proibido quando estamos internados no Hospital? Se busco a Deus nos dias de paz e felicidade, poderei esquecê-Lo nos dias de sofrimento e angústia? Poderei esquecer Aquele que é o «meu rochedo, a minha fortaleza e o meu libertador» (Sl 18, 3) quando mais preciso?! Poderei, ainda, esquecer o convite d’Aquele que curou doentes, deu vista a cegos, ressuscitou mortos, e diz: «vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei»? Ou ainda: «eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10, 10)?

O internamento hospitalar existe para tratar o corpo, mas é também ocasião oportuna para fazer um balanço da vida ou olhar aspetos geralmente descurados, por exemplo, redescobrir Deus ou reorientar a vida na perspetiva da fé (batizar-se, casar sacramentalmente, receber o crisma), reconciliar-me com Deus e perdoar ou reconciliar-se com alguém, aprofundar a intimidade com o Senhor da Vida pela oração e receber a comunhão, confiar-se a Jesus e receber a unção do amor misericordioso de Cristo. S. Tiago, na Bíblia, ordena: “Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja …” (Tg 5, 15). Isto é, chame o capelão, peça a ajuda da Assistência Espiritual e Religiosa (Capelania). E deve ser pedida às enfermeiras. E o melhor é solicitá-la no início do internamento para começar logo a beneficiar da graça de Deus, dos dons da fé. Na verdade, a fé é fonte de vida e de saúde; alento na tentação e esperança no desânimo; conforto no sofrimento e ajuda na luta pela saúde corporal e espiritual; recusa do orgulho na dependência e da arrogância no desânimo; suavidade na aceitação e confiança no sofrimento inevitável.

Em conclusão, solicitar a assistência espiritual no Hospital é abrir o coração a Jesus, o Senhor da vida. Constitui, ainda, um direito inalienável[1] para quem deseja (re)encontrar-se com Deus, viver e celebrar a fé. E os profissionais (os enfermeiros, em particular), que têm o dever de respeitar a consciência e fé de cada um, estão disponíveis para ajudar. Não devo, portanto, ficar à espera que o capelão passe pela enfermaria, ter medo da sua presença, ou ter vergonha de solicitar a sua ajuda espiritual para mim ou meus familiares. É que os capelães ou assistentes espirituais têm também de respeitar a lei. E a lei diz que é o doente quem deve pedir a assistência espiritual e religiosa, quando é internado e, sobretudo, quando a desejar.


[1] Segundo o Dec.-lei 253/2009, a assistência espiritual e religiosa é um direito do doente e este, como refere o art 12º, tem direito a: aceder ao serviço de assistência espiritual e religiosa, a ver respeitadas as suas convicções, a praticar actos de culto, ser assistido em tempo razoável, a ser informado, a ter objectos e literatura religiosa, a não ser incomodado ou pressionado por causa da sua fé.

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