Juventude |
JDJ 2015, em Mafra
1300 jovens na busca de um coração puro
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Neste dia, Mafra não foi igual. No passado Domingo, 19 de abril, cerca de 1300 jovens provenientes de toda a Diocese de Lisboa encheram as ruas e os jardins da vila, em busca de um coração puro. Queriam ver a Deus. Nas caras, sobraram sorrisos de quem encontra o que procura. Foi mais uma Jornada Diocesana da Juventude (JDJ).

 

Já passam das 10h00 e o Convento de Mafra tem uma companhia especial. São imensos os jovens que cantam, dançam e desdobram-se em acrobacias. Chegam de todas as vigararias da Diocese de Lisboa para, juntos, refletirem sobre o tema escolhido pelo Papa Francisco para a XXX Jornada Mundial da Juventude (2015): ‘Felizes os puros de coração, porque verão a Deus’ (Mt 5, 8). Uns atrás dos outros, e todos atrás da música, seguem pelas ruas, em direção ao pavilhão gimnodesportivo que rapidamente fica preenchido.

Os jovens da paróquia de Carcavelos já estão no palco a acolher os que chegam. Cantam e fazem cantar os mais de mil jovens com o refrão: “Porque o teu amor viverá para sempre em mim e habitará dentro do meu coração. Sou feliz porque vivo em Ti, meu Deus e meu Senhor”.

Quando já não falta ninguém no pavilhão, na oração da manhã, é lida a atual mensagem do Papa Francisco para os jovens. Ressoam, uma vez mais, as palavras que não perdem sentido: “Tenham coragem de ir contra a corrente, tenham coragem de ser felizes”.

 

Ser puros para ver a Deus

O momento alto da manhã foi o encontro dos jovens com o Cardeal-Patriarca de Lisboa. De pé, D. Manuel Clemente fez luz sobre a bem-aventurança que deu o mote ao dia. “O coração é o que cada um de nós tem de mais seu, no que mais sente, no que mais pensa, no que mais sonha; o coração somos nós no mais profundo do nosso ser”, afirmou. Que pureza de coração é esta de que se fala na bem-aventurança? “É ser puro no mais profundo de si, na maneira de sentir, na maneira de ver, na maneira de agir, na maneira de reagir, na maneira de estar sozinho, na maneira de estar com os outros. Ser puro de coração é ter um coração como é o de Deus; temos que ser puros para ver a Deus. Temos que ter o coração como o de Deus para podermos encontrar-nos verdadeiramente”, disse D. Manuel Clemente dando como exemplo a vida de vários santos. “O problema da nossa vida é que o nosso coração tem muita mistura. Há aqui muita coisa misturada que não é esta pureza que nos permite ver a Deus. Nós podíamos vê-l’O se tivéssemos um coração puro, porque Deus está em tudo e em todos. Há quem tenha conseguido ser feliz por ter um coração puro: Marcel Callo, Pier Giogio Frassati, Chiara Luce, Francisco de Assis, Santa Teresa de Lisieux e tantos outros”, lembrou o Cardeal-Patriarca, salientando que este dom não lhes é exclusivo: “Isto está ao alcance de todos vocês”, garantiu. A maneira de lá chegar é “cultivar no coração os sentimentos que todos eles cultivaram, que são os sentimentos de Jesus”. Porque “se tivermos um olhar sem sombras, somos capazes de admirar, de ver e renascer com cada dia que nos é oferecido, mesmo quando está a chover”. Para ficar na memória, o cardeal português fez questão de repetir e escutar dos jovens as seguintes palavras: “Só vê a Deus quem vê como Deus”.

Na segunda parte do encontro, respondendo a questões colocadas pelos jovens, D. Manuel Clemente lembrou: “É preciso ter um olhar que descansa, onde as pessoas possam descansar”. E o melhor é que, “com Jesus, a conversa nunca acaba”, respondeu.

 

O jardim da alegria

A festa do dia diocesano dedicado à juventude do Patriarcado de Lisboa prossegue agora no Jardim do Cerco, junto do emblemático Palácio de Mafra, que se transformou num lugar de muita alegria. Há uma feira de movimentos, com várias bancas e um palco que acolhe uma aula de zumba, oferecida pelo grupo de jovens da Ericeira, além de um concerto dos Ca’Fé, da paróquia de Rio de Mouro, que também interpretou uma nova versão musical do hino do Sínodo Diocesano 2016. Ao longe começa a ser visível um grande e sorridente Jesus, feito de esponja, sempre alegre e ‘disponível’ para tirar fotografias com todos. No mesmo jardim, existe um espaço para confissões e uma tenda de oração, com exposição do Santíssimo Sacramento que, no meio da confusão e azáfama típicas da juventude, procura ser um espaço de silêncio e reflexão para os que se aproximam.

A tarde prossegue com os aguardados workshop’s. Havia muito por onde escolher: ‘O amor como critério de gestão’, ‘Teologia do Corpo’, ‘Fé e ciência’ e muito mais. Difícil mesmo era decidir. As salas do convento encheram-se de olhares atentos e ouvidos curiosos, prontos para aprender e levar para a vida o que ouviam dos convidados pelo Serviço da Juventude da diocese, que organizou a JDJ.

 

“Se Ele venceu a morte, temos medo de quê?”

A concluir a Jornada Diocesana da Juventude, a igreja do Convento de Mafra tornou-se pequena para os mais de mil jovens que queriam participar na Missa. Na homilia da celebração, D. Manuel Clemente fez questão de lembrar os mais esquecidos: “Não nos esqueçamos que, neste momento, os cristãos são a religião mais perseguida do mundo. Praticamente não passa uma semana sem que algum cristão seja morto precisamente por o ser e nós devemos lembrar-nos constantemente deles”.

Mas “não há motivos para medos”, continuou o Cardeal-Patriarca. Pelo contrário, há uma “verdade que nos liberta”. “Se Ele venceu a morte, temos medo de quê?”, questionou. “Ele continua connosco. Porque se estamos aqui, é porque Ele fez caminho connosco através de todas as pessoas. Foram seus sinais na nossa vida, através de todos esses gestos que repercutiram o seu nos nossos dias, através de todas as palavras que os cristãos antigos guardaram e que nos falam d’Ele”. Por isso, “os nomes que o Ressuscitado diz já não são os daqueles dois discípulos mas são os nossos”. “Nós somos testemunhas de que a Páscoa de Jesus é a vida do mundo e é a vida para o mundo. A Páscoa de Jesus é a nova lei da vida inteira de todos e de cada um”, assegurou D. Manuel Clemente, deixando, a terminar, um desafio aos jovens: “Queres viver? Dá a vida! Queres mais? Sê menos! Queres tudo? Desfaz-te em gestos, em entregas, em sentimentos de doação e, como Jesus Cristo, aprende a viver dando a vida”.

texto por Clara Nogueira; fotos Diogo Algarvio, Gonçalo Magalhães, Pedro Jesus
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