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Roma
“Acolhamos o convite de Nossa Senhora de Fátima”
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O Papa Francisco convidou a rezar o terço. Na semana em que o Vaticano criou um fundo para vítimas de abusos em países pobres, o Papa considerou que os abusos sexuais são um “dos maiores desafios” da Igreja e reforçou apelos à oração pela paz. Secretário de Estado do Vaticano reiterou pedidos pelo fim dos “massacres que atingem gravemente a Ucrânia”.

 

1. “Caros irmãos e irmãs, no próximo sábado [13 de maio] celebraremos a Memória de Nossa Senhora de Fátima. Acolhamos o seu convite e rezemos, neste mês, o terço pela paz no mundo”, convidou o Papa Francisco, nas saudações aos peregrinos durante a audiência-geral de quarta-feira, dia 10 de maio, na Praça de São Pedro.

Numa audiência-geral inédita, o Papa esteve sempre acompanhado por Tawadros II, líder máximo da Igreja copta-ortodoxa de Alexandria. Em vez da habitual catequese, desta vez, Francisco e Tawadros II, sentados lado a lado, fizerem breves discursos a manifestar o seu desejo de reforçar o caminho ecuménico com vista à unidade. “Sua Santidade Tawadros II aceitou o meu convite para vir a Roma celebrar comigo o cinquentenário do memorável encontro entre o Papa São Paulo VI e o Papa Shenouda III, em 1973”, explicou o Papa Francisco. “Foi o primeiro encontro entre um Bispo de Roma e um Patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, que culminou na assinatura duma Declaração Conjunta, exatamente no dia 10 de maio”, acrescentou.

O Papa agradeceu a Tawadros II o empenho na amizade entre a Igreja Copta Ortodoxa e a Igreja Católica e pediu a intercessão dos santos da Igreja copta, sobretudo dos mártires que morreram nas praias da Líbia, “para que nos ajudem a crescer na comunhão, numa única e santa ligação de fé, de esperança e de amor cristão”.

No final, Francisco pediu também orações “pela devastada Ucrânia” e agradeceu a um grupo de médicos voluntários que ajudam mulheres e crianças vítimas da guerra. A bênção final desta inédita audiência-geral foi dada por ambos, um de cada vez, nas respetivas línguas.

 

2. A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, organismo da Santa Sé, vai definir uma nova estratégia para o combate e prevenção de abusos, assumindo preocupação com as situações de assédio online. O anúncio foi feito dia 8 de maio, no final da reunião plenária. Além da revisão das linhas diretrizes publicadas em 2011, pela Doutrina da Fé, a comissão vai criar um fundo para ajudar as vítimas dos países mais pobres e promover acordos para a formação e prevenção, com “reforçado compromisso para o combate da pedofilia online”. A nota da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores adianta ainda que a “Estrutura de Diretrizes Universais” vai ser submetida aos líderes da Igreja, aos grupos de vítimas e a outras partes interessadas para um período de comentários públicos, antes da aprovação final.

 

3. Falando à Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, o Papa afirmou que o abuso sexual de menores por membros do clero e a “má administração pelos líderes da Igreja” tem sido um dos “maiores desafios para a Igreja”. “A guerra, a fome e a indiferença perante o sofrimento dos outros são problemas terríveis no nosso mundo, e clamam ao céu. Mas a crise dos abusos sexuais é particularmente grave para a Igreja, porque mina a sua capacidade de abraçar plenamente e dar testemunho da presença libertadora de Deus”, referiu Francisco, no Vaticano, num encontro no passado dia 5 de maio. O Papa salientou que “a incapacidade, sobretudo por parte dos responsáveis da Igreja”, de fazer o que deveriam ter feito, “foi motivo de escândalo para muitos”, acrescentando que, nos últimos anos, “a consciência deste problema” se estendeu a toda a comunidade cristã.

A intervenção destacou, no entanto, que as lideranças católicas não permaneceram “silenciosas ou inativas”, lembrando o Motu Proprio ‘Vos estis lux mundi’, de 2019, recentemente atualizado.

 

4. O Papa reforçou no Vaticano os seus apelos à oração pela paz, pedindo que os responsáveis políticos travem o conflito na Ucrânia. “Neste mês de maio, rezemos o Rosário, pedindo à Virgem Santa o dom da paz, em particular pela martirizada Ucrânia. Que os responsáveis das nações possam ouvir o desejo das pessoas que sofrem e querem a paz”, disse Francisco, na janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do Regina Coeli. Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, no passado Domingo, 7 de maio, Francisco saudou os membros da Associação ‘Meter’, de Itália, que se dedica à prevenção e combate à violência contra menores. “Estou próximo de vós com a minha oração e o meu afeto. Não deixeis nunca de estar ao lado de quem é vítima, ali está o Menino Jesus, que espera por vós”, disse, assinalando o 28.º Dia das Crianças Vítimas da Violência.

 

5. O Secretário de Estado do Vaticano reitera os seus apelos ao fim dos “massacres que atingem gravemente a Ucrânia com implicações também para a Rússia” e mostra-se surpreendido com as reações dos governos russo e ucraniano ao dizerem desconhecer as iniciativas de paz da Santa Sé, porque ambos os governos “foram informados”. No voo de regresso a Roma, após a visita a Budapeste, o Papa revelou aos jornalistas estar em curso uma missão de paz que ainda não podia revelar. “Estou disposto a fazer o que for preciso. Além disso, uma missão está em andamento agora, mas ainda não é pública”, disse Francisco. Agora, em declarações aos jornalistas, à margem do lançamento de um livro sobre D. Tonino Bello conhecido como “o bispo dos pobres”, o cardeal Pietro Parolin, confirma: “O Papa disse que haverá uma missão que será anunciada quando se tornar pública e repito as mesmas expressões que ele usou; não vou entrar em detalhes”. O cardeal italiano acrescentou: “Não sei se hoje existem condições para um cessar fogo. Esperemos… Creio que esta iniciativa do Vaticano, se for por diante, ajude nesse sentido. Como sempre dissemos, desejamos alcançar o fim dos confrontos e depois desencadear um processo de paz”.

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