O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) garantiu que a dor das vítimas de abusos na Igreja é também a dor dos bispos. Fátima recebeu a Eucaristia pelas vítimas de abusos sexuais, de poder e consciência na Igreja.
“Hoje, como bispos da Igreja em Portugal, queremos dizer àquelas e aqueles que sofreram estes abusos, antes de mais, uma palavra de reiterado pedido de perdão, com que começámos esta liturgia. Isso significa identificação e reconhecimento do mal que vos foi imposto, de forma injusta e abusiva e no ambiente onde menos deveria ter acontecido. Essa dor é também a nossa e continuará a doer enquanto a vossa não for curada”, salientou D. José Ornelas, na homilia da Missa do passado dia 20 de abril. “Mas é uma dor que nos acorda, nos motiva e nos abre humildemente a ir ao vosso encontro, a escutar o que é incómodo, a reconhecer a dor e a procurar partilhá-la e, na medida do possível, aliviá-la e colaborar, por todos os meios, na libertação daqueles que foram tão dramaticamente afetados”, acrescentou.
Na conclusão da Assembleia Plenária da CEP, o prelado convidou as vítimas a “um caminho de reparação”: “Gostaríamos que, assim como experimentastes essas injustiças no seio da Igreja, possais fazer a experiência de irmãos e irmãs que querem ajudar a sarar feridas e a abrir caminhos de futuro. Foi com esse intento que empreendemos este caminho que entra agora numa nova fase. Estamos a criar condições para que esse encontro seguro e transformador seja possível. É convosco, e na medida do vosso desejo, que queremos empreender um caminho de reparação e de superação das dificuldades”.
Caminho para além da dor
Na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, na presença de todo o episcopado nacional, D. José Ornelas desafiou ainda toda a Igreja a “estar ao lado dos mais pequenos”. “Maria, enviada de Deus a três crianças, mostra um caminho para a Igreja, para nós todos: A nossa Igreja não pode voltar atrás neste caminho; é mesmo preciso estar ao lado dos mais pequenos, dos mais esquecidos, em hospital de campanha, como fala o Papa Francisco. Há caminho para além da dor, da justa revolta e da injustiça. Convosco, com o vosso testemunho, com a vossa inconformidade e tenacidade de vida, esperamos também ser Igreja renovada e inconformada com qualquer tipo de mal. Que Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, nos ensine a arte materna do bem cuidar, compreender, consolar e amparar; a arte e a vontade de construir um mundo mais justo, sempre renovado pelo Espírito de Deus”, terminou.
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Grupo VITA
A psicóloga Rute Agulhas, que até agora integrava a Comissão Diocesana de Lisboa e que vai coordenar o grupo específico de acompanhamento decidido na Assembleia Plenária extraordinária do passado dia 3 de março, apresentou aos bispos portugueses o projeto que será denominado ‘Grupo VITA – Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal’, que “deverá ter um horizonte temporal de três anos”. “Será constituído por uma equipa de profissionais tecnicamente competentes e terá a missão de acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja em Portugal, dando atenção às vítimas e aos agressores”, explica o comunicado final da 206.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorreu em Fátima, de 17 a 20 de abril.
O Grupo VITA “terá a necessária autonomia para, em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional, desenvolver uma ação que contribuirá para capacitar, ainda mais, o valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”. “Entre outras ações, está prevista a elaboração de um Manual de Prevenção que será comum a toda a Igreja em Portugal, quer nas Dioceses quer nos Institutos de Vida Consagrada”, explica a nota (www.conferenciaepiscopal.pt).
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