DOMINGO III DA PÁSCOA Ano A
“Eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.”
Lc 24, 35
A realidade humana que, talvez, mais exprima a comunhão das pessoas é “comer juntos”. Não há festa que se preze que não tenha esta “presença” de alimento ou de petisco. As palavras são importantes e dão horizonte às grandes decisões, mas, se não houver uma cozinheira dedicada, como podemos partilhar a maravilha de sentarmo-nos à mesa e alimentar o corpo e alma com a refeição preparada? Daí que os grandes momentos da vida se celebram com refeições festivas (e, em algumas culturas, até o momento da morte tem uma refeição de amigos)!
É verdade que, atualmente, descuramos muito esta dimensão humana. A rapidez de tudo não se compadece com a refeição calma da família e dos amigos. A omnipresença dos écrans e os telemóveis ao lado dos talheres escravizam-nos: preferimos a ausência à presença. A ocupação constante desumaniza os momentos de retemperar forças e partilhar não só o pão, mas também a vida. O que é “instantâneo” ganha prioridade em relação ao que “leva tempo”! Como damos valor às refeições sem tecnologias em que saboreamos o diálogo e os silêncios de “comer juntos”?
A vida cristã gravita também em torno da maravilhosa “refeição” que é a eucaristia. Jesus não escolheu por acaso este sinal de comunhão do seu povo. Os judeus já celebravam a Páscoa e outras festas comendo; os momentos centrais da revelação de Deus incluíam sempre algum alimento como sinal; a multiplicação dos pães e dos peixes já “tinha dado o mote”. Claro que não é uma refeição como as outras, e não é um alimento para “empanturrar” o corpo. É Jesus o nosso alimento, Ele dá-se inteiramente nesta presença maravilhosa que o Espírito Santo garante à Igreja. Ele constrói a unidade entre todos os que vivem do seu corpo e do seu sangue. Daí ser tão estranho ser-se cristão sem a eucaristia e também “estar” na eucaristia sem ser cristão na vida. Nenhuma coisa nem outra: para dar graças é preciso uma vida que testemunhe! E é espantoso e doloroso o testemunho de tantos que gostariam de tomar parte na comunhão material do pão e do vinho, mas que as situações da vida e a sua consciência os levam só a uma comunhão espiritual.
Há dimensões humanas de festa, de partilha, de amizade, que podemos e devemos melhorar nesta celebração. Como na vida. Mas nós celebramos como vivemos, e se não há festa, partilha e amizade nas coisas simples do dia a dia como podemos encontrá-las na eucaristia? O que faz arder os corações dos que nos “sentamos à mesa com Jesus”? É Ele quem “põe a mesa”, mas tudo o que somos e fazemos se une naquele pão e vinho. E nada do que é humano fica fora desta acção de graças!
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|