1. Porquê uma assembleia do Sínodo dos Bispos para os jovens? Qual era a intenção do Papa Francisco?
O Sínodo dos jovens partiu não só de um desejo do Papa Francisco, mas de uma aspiração de todos a Igreja, que o Papa fez sua, depois da experiência dos dois Sínodos sobre a Família e na sua continuidade. Os dois grandes núcleos da reflexão do Sínodo dos jovens foram o “discernimento” e a “sinodalidade”. Neste sentido, os jovens ajudaram a Igreja a redescobrir a sua natureza sinodal, porque pediram insistentemente e de vários modos para a Igreja caminhar com eles, não à frente, nem atrás, mas a seu lado.
O Papa, ao longo do seu pontificado, tem insistido muito no tema da sinodalidade, na necessidade de redescobrir a graça batismal como plataforma fundamental da vida e da missão cristã. É por meio desta graça que cada um é chamado a ser um “discípulo missionário”.
A convicção do Papa Francisco que “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milénio”, e a experiência do Sínodo dos jovens, levaram o Papa a propor como tema da XVI Assembleia Geral do Sínodo a sinodalidade, em justa e coerente continuação do Sínodo sobre os jovens, onde foi pedido anunciar o Evangelho através da fraternidade e recordado que um só é o nosso Mestre e nós somos todos irmãos (cfr. Mt 23,8).
2. Como foi a experiência da participação na Assembleia, em 2018? Como se ‘sentia’ a sinodalidade? Que impressões mais fortes ficaram na sua memória?
A experiência da participação na Assembleia foi uma grande graça e uma experiência inolvidável de comunhão eclesial, de escuta recíproca, de partilha franca e corajosa, de franqueza no falar e abertura em escutar, um exercício de discernimento, numa atitude de fé e de abertura total ao Espírito Santo, no colocar-se à escuta do que o Espírito Santo sugeria, num clima orante. A sinodalidade sentia-se na escuta aberta, no acolhimento dos outros e as suas posições, no clima de diálogo, com pausas de silêncio orante, depois de cada cinco intervenções.
As impressões que retenho na memória são sobretudo o clima de serenidade e fraternidade gerado pela presença do Espírito Santo; da experiência da Assembleia Sinodal, não como um parlamento, mas como um espaço protegido, resguardado pelo Espírito Santo, presente e operante.
3. Da sua experiência na assembleia do Sínodo dos Bispos, quais foram os aspetos mais positivos? Que aspetos lhe parecem merecer melhoramentos? Como a Igreja universal pode aprender com a prática do Sínodo dos Bispos?
Um dos aspetos mais positivos de Assembleia Sinodal é a sua composição, que representa a diversidade da Igreja, que quando na comunhão e na unidade, não constitui um obstáculo, mas antes uma riqueza na sua complementaridade. Encontramos esta mesma diversidade nas Igrejas locais, onde os seus membros são também chamados a uma experiência de escuta recíproca, de abertura e docilidade ao Espírito Santo, de discernimento, de conversão, de sinodalidade, de busca da vontade de Deus. E é isto que temos de exercitar cada dia, para construirmos a fraternidade e realizarmos a missão que o Espírito Santo nos sugere neste momento histórico que estamos a viver.
4. Do Documento final à Exortação apostólica pós-sinodal, quais os aspetos mais marcantes? Como pode a Igreja continuar a fazer caminho sinodal com os jovens?
A grande aquisição do caminho do Sínodo sobre os jovens foi a redescoberta da sinodalidade, em chave missionária. A primeira coisa que os jovens nos pediram foi sermos uma Igreja que caminha com eles. O grande fruto deste Sínodo foi esta descoberta e experiência de caminhar com os jovens, indo ao seu encontro para lhes testemunhar o amor de Deus. É um processo a que podemos chamar sinodalidade para a missão, ou seja, uma sinodalidade missionária.
A opção da Assembleia Sinodal da escolha do ícone bíblico dos discípulos de Emaús como uma referência para o Sínodo exprime isto mesmo: antes de “falar aos jovens”, é preciso “falar com os jovens”, escutá-los, dando primazia à partilha, à familiaridade e à confiança, partindo de uma clara e decidida proximidade. Em traços largos isto tem a ver com o nosso diálogo com o mundo, ao qual temos algo a dar e do qual temos algo e receber, numa permuta de dons a realizar.
O episódio dos discípulos de Emaús é um texto paradigmático para compreender a missão eclesial em relação às jovens geração e exprime bem aquilo que experimentamos no Sínodo e que gostaríamos que cada Igreja particular pudesse viver em relação aos jovens no presente e no futuro, como é referido no Documento Final.
5. Como é que o Sínodo sobre a juventude está presente e pode ser potenciado no presente Sínodo sobre a sinodalidade?
A experiência da sinodalidade do Sínodo dos jovens constitui um ponto de partida e uma referência no caminho para o Sínodo sobre a sinodalidade que se desdobra em três palavras – comunhão, participação e missão - e que é um programa de verificação e de relançamento de toda a vida eclesial. A pastoral juvenil integra-se neste caminho e só pode ser sinodal, valorizando os carismas e os dons que e Espírito Santo concede a cada um, segundo a sua vocação e o papel de cada um na Igreja num dinamismo de corresponsabilidade, acolhendo o contributo de todos, incluindo os jovens. A JMJ que estamos a preparar é uma ocasião para uma experiência de sinodalidade, um momento em que se pode concretamente experimentar a sinodalidade da Igreja e na Igreja. Como referiu a irmã Nathalie Becquarte, subsecretária do Sínodo, “como peregrinação global, a JMJ pode ser vista como um ícone da Igreja sinodal e um laboratório de sinodalidade. Porque, de alguma forma, expressa o dinamismo, a energia e o estilo do caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio. A sinodalidade é uma visão dinâmica da identidade da Igreja como povo de Deus que integra a sua dimensão histórica; assegura que a Igreja seja vista e vivida como um povo de peregrinos missionários que caminham juntos ouvindo o Espírito. Neste sentido, a JMJ como uma experiência paradigmática de peregrinação é a expressão viva de uma Igreja sinodal, jovem e em movimento”. (N. Becquart, GMJ di Lisbona al centro del cammino sinodal, in «Note di Pastorale Giovanile» 8 (2022) 30-34,30).
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