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Boletim médico #18
Perder peso: como podemos apoiar uma criança com obesidade?
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Em Portugal, segundo o Estudo do Padrão de Alimentação e de Crescimento Infantil (EPACI), 31% das crianças com idades entre 1 e 3 anos tem excesso de peso ou obesidade. Estes números revelam-nos a necessidade de travar a progressão da obesidade e atuar precocemente.

Mas sabe que prevenir a obesidade pode começar ainda antes da gravidez?

Mais de 50% das mulheres portuguesas em idade fértil têm excesso de peso ou obesidade quando engravidam e mais de metade dessas mulheres, durante a gravidez, ganha mais peso do que deveria. Isso traduz-se num fator de perpetuação do ciclo da obesidade, uma vez que, existe maior risco de os bebés também nascerem com excesso de peso.

A obesidade é uma doença crónica, multifatorial e multissistémica que não podemos desvalorizar em idade pediátrica. Infelizmente, continua a existir a ideia de que, quando a criança crescer, isso vai-se resolver. E não é assim. Se uma criança cresce com obesidade e entra na adolescência com excesso ponderal, tem 85-90% de hipótese de se manter um adulto obeso. A intervenção deve, por isso, ser feita o mais cedo possível. Ou se controla o aumento de peso e se evita o excesso de peso e a obesidade nas idades mais precoces, ou vai-se perpetuando a obesidade, à medida que se ultrapassam os marcos do crescimento e do desenvolvimento.

A abordagem inicial a esta doença deve ser multidisciplinar, muito bem concertada, individualizada e personalizada no contexto pediátrico, e deve incidir sobre mudanças de comportamentos. A terapêutica farmacológica tem tido alguns avanços em idade pediátrica, e a cirurgia metabólica apenas deve ser considerada em casos muito particulares, estando ambas reservadas para centros especializados em obesidade pediátrica.

Para apoiar uma criança com obesidade no âmbito de um processo de perda de peso, os pais devem começar por assumir a responsabilidade pelo tratamento, que basicamente significa “mudança”. Isto implica que estejam disponíveis para, em casa, adotarem rotinas saudáveis de alimentação e hábitos que promovam a prática regular de atividade física.

É preciso ter em conta que a comida está associada a afeto e que a mudança de hábitos implica uma consciencialização e responsabilização, pelo que, até cerca dos 7 anos, o problema da obesidade não deve ser abordado com os mais novos, mas sim com os pais, que são os cuidadores e educadores. Por sua vez, em crianças mais crescidas, até aos 10 anos, quando começam a estruturar a sua imagem corporal e gostam de desafios, a pediatra já admite a possibilidade de “negociar”, de uma forma positiva, algumas mudanças, sempre de uma forma lúdica e que para elas, tenha razão de ser. Negociar por exemplo o crescimento em altura, força e competências desportivas são elementos importantes para a autoestima da criança.

Nas consultas de obesidade infantil da CUF, o pediatra, após uma avaliação global, faz uma primeira abordagem em termos de orientação comportamental – alimentar e de atividade física, sempre em contexto familiar e sensibilizando os pais para a sua responsabilidade no sucesso da intervenção. São solicitados exames considerados importantes, quer para o diagnóstico quer para detetar a existência de complicações da obesidade. Depois, por norma, há o acompanhamento de uma nutricionista e, quando há motivos para isso, de uma psicóloga.

Prevenção e intervenção precoce, em paralelo, são palavras de ordem para combater a obesidade infantil. Não hesite em procurar a ajuda do seu pediatra para encontrar estratégias para promover a alimentação saudável entre os mais novos e combater a obesidade.

 

Carla Rêgo
Pediatra no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Porto

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