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“O Natal não é a fábula do nascimento de um rei, mas a vinda do Salvador”
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O Papa Francisco pediu orações por Bento XVI. Na semana em que garantiu que o Natal não é uma “fábula”, o Papa lamentou os “ventos de guerra” que “continuam a soprar, gelados, sobre a humanidade” e destacou que “a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas nas pessoas”. No discurso de Natal aos colaboradores, Francisco recordou que “a cultura da paz começa no coração de cada um”.

 

1. O Papa Francisco pediu orações por Bento XVI, revelando que o seu antecessor se encontra “muito doente”. “Gostaria de pedir-vos a todos uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI, que, no silêncio, está a sustentar a Igreja. Recordem-no, está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e ajude, neste testemunho de amor à Igreja, até ao fim”, declarou o Papa, no final da audiência-geral de quarta-feira, 28 de dezembro, na Sala Paulo VI.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, confirmou o “agravamento do estado de saúde” de Bento XVI. “Posso confirmar que, nas últimas horas, houve um agravamento do estado de saúde, devido à idade avançada. A situação no momento está sob controle, acompanhada constantemente pelos médicos”, adiantou. Bento XVI completou 95 anos a 16 de abril. Em 2013, tornou-se o primeiro Papa, em cerca de 600 anos, a renunciar ao pontificado. Desde então, tem vivido no Mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, nos jardins do Vaticano. No final do encontro público semanal, o Papa Francisco foi visitar Bento XVI.

Ainda neste dia, o Papa publicou a carta apostólica ‘Totum Amoris Est’ (‘Tudo pertence ao amor’), no 400.º aniversário da morte de São Francisco de Sales (1567-1622), bispo e doutor da Igreja. Francisco destaca um “intérprete da mudança de época”, no quadro de mudanças políticas e culturais dos séculos XVI e XVII, a que procurou responder “através de linguagens antigas e novas”. “Evangelho e cultura encontravam uma síntese fecunda, da qual derivava a intuição de um verdadeiro método que atingiu a maturação e estava pronto para uma colheita duradoura e promissora”, escreveu o Papa, assinalando que essa é a “tarefa essencial” dos católicos perante a atual mudança de época, pedindo “uma Igreja não autorreferencial, liberta de toda a mundanidade, mas capaz de habitar no seio do mundo, partilhar a vida das pessoas, caminhar juntos, escutar e acolher”.

 

2. No dia seguinte ao Natal, a 26 de dezembro, a Igreja celebrou a festa de Santo Estevão, primeiro mártir cristão, com o Papa Francisco a sublinhar que o Natal não é uma “fábula”. “O Natal não é a fábula do nascimento de um rei, mas a vinda do Salvador, que nos livra do mal ao tomar sobre si o nosso mal: o egoísmo, o pecado, a morte. E os mártires são os mais semelhantes a Ele”, apontou o Papa, no Angelus, recordando que “os mártires são testemunhas, isto é, irmãos e irmãs que, através de suas vidas, nos mostram que Jesus venceu o mal com a misericórdia”.

Nas saudações finais, Francisco renovou os votos de paz. “Paz nas famílias, paz nas comunidades paroquiais e religiosas, paz nos movimentos e associações, paz para aquelas populações atormentadas pela guerra. Paz para a querida e martirizada Ucrânia. Há aqui tantas bandeiras da Ucrânia… Peçamos a paz para este povo martirizado”, pediu.

 

3. No Dia de Natal, o Papa reconheceu, com tristeza, que “enquanto nos é dado o Príncipe da paz, ventos de guerra continuam a soprar, gelados, sobre a humanidade”. Na bênção ‘Urbi et Orbi’, Francisco pediu que “o nosso olhar se encha com os rostos dos irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na escuridão, ao frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez meses de guerra”. No Balcão Central da Basílica Vaticana, a 25 de dezembro, o Papa pediu também gestos concretos de solidariedade para com todos os que sofrem, e desejou que o Menino de Belém “ilumine as mentes de quantos têm o poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra insensata”. Se fixarmos o rosto do Menino Jesus, disse Francisco, “naquele rostinho inocente, reconheceremos o das crianças que, em todas as partes do mundo, anseiam pela paz”.

 

4. “Tantas guerras! Em tantos lugares, ainda hoje, são espezinhadas a dignidade e a liberdade! E as principais vítimas da voracidade humana são sempre os frágeis, os vulneráveis”, lamentou o Papa, na homilia da Missa de Natal. Na Basílica de São Pedro, a 24 de dezembro, Francisco refletiu sobre a pobreza do nascimento de Jesus e manifestou preocupação com a situação de sofrimento que atinge tantas crianças e pessoas indefesas. A manjedoura “pode simbolizar um aspeto da humanidade: a voracidade em consumir; pois, enquanto os animais no estábulo consomem alimento, os homens no mundo, esfomeados de poder e dinheiro, consomem mesmo os seus vizinhos, os seus irmãos”, disse o Papa, afirmando que é “na manjedoura incómoda da rejeição” que Deus se acomoda, “porque nela está o problema da humanidade, a indiferença gerada pela pressa devoradora de possuir e consumir”. Francisco convidou ainda os fiéis a contemplar o presépio e a reconhecer na pobreza de Jesus que “a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas nas pessoas, sobretudo nos pobres”.

 

5. “Nunca sentimos, como neste momento, tão grande desejo de paz! Penso na martirizada Ucrânia e também em tantos conflitos que ocorrem em várias partes do mundo”, referiu o Papa aos cardeais e membros da Cúria Romana. “A guerra e a violência são sempre um fracasso. A religião não se deve prestar para alimentar conflitos. O Evangelho é sempre Evangelho da paz e não se pode, em nome de Deus algum, declarar «santa» uma guerra”, acrescentou, no habitual discurso de Natal aos seus colaboradores. Na Sala das Bênçãos, a 22 de dezembro, Francisco recordou que “a cultura da paz não se constrói apenas entre os povos e entre as nações, começa no coração de cada um de nós” e sublinhou que “não existe só a violência das armas, mas também a violência verbal, a violência psicológica, a violência do abuso de poder, a violência oculta das murmurações”. Por isso, neste tempo de Natal e “à vista do Príncipe da Paz que vem ao mundo, deponhamos toda a arma de qualquer género”.

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