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Papa critica as “guerras selvagens de destruição”
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Por decisão do Papa Francisco, três mulheres vão acompanhar as nomeações episcopais. Na semana em que considerou que o mundo está a viver uma III Guerra Mundial “aos bocadinhos”, o Papa convidou para a JMJ Lisboa 2023, apelou à paz no Sri Lanka e lançou uma pergunta sobre migrantes e refugiados.

 

1. O Papa nomeou, pela primeira vez, três mulheres como membros do Dicastério para os Bispos, estrutura da Cúria Romana que acompanha o processo de nomeações episcopais em todo o mundo. As escolhidas, conhecidas no passado dia 13 de julho, são as irmãs Raffaella Petrini, secretária-geral do Governorato do Estado da Cidade do Vaticano, Yvonne Reungoat, antiga superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora, e Maria Lia Zervino, presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas. Entre os novos membros do organismo da Santa Sé encontra-se também D. José Tolentino Mendonça, cardeal português, arquivista e bibliotecário da Santa Sé.

Numa recente entrevista, o Papa tinha anunciado estas nomeações, admitindo designar leigas para cargos de liderança, com a implementação da Constituição Apostólica ‘Praedicate Evangelium’, que reforma a Cúria Romana.

 

2. O Papa Francisco avisa que o mundo está a viver uma III Guerra Mundial “aos bocadinhos”, lembrando que durante anos se têm registado “guerras selvagens de destruição”, como a que vitima a Ucrânia. “Há anos que vivemos a III Guerra Mundial aos bocadinhos, em capítulos, com guerras por todo o lado, embora a guerra na Ucrânia nos toque mais de perto”, sublinhou, numa entrevista, em língua espanhola, à plataforma de streaming ViX, da ‘Noticias Univision 24/7’. Apesar das tragédias, “a humanidade continua a fabricar armas”, lamentou o Papa, acrescentando que a guerra “escraviza”, desumaniza, e que “a utilização e posse de armas nucleares é imoral”.

Francisco voltou a afirmar, de forma contundente, a sua condenação do aborto, defendendo que há “dados científicos” que provam que, “um mês após a conceção, o ADN do feto já está presente e os órgãos estão alinhados, há vida humana”. “Será correto eliminar uma vida humana?”, questionou.

Sobre os rumores relacionados com o seu estado de saúde e uma possível renúncia, foi claro: “Não tenho qualquer intenção de me demitir. De momento, não. Já passaram nove anos. Se vir que não posso, que estou a sofrer ou que sou um obstáculo, espero ajuda para tomar a decisão de me reformar”.

 

3. O Papa valoriza a missão decisiva a que os jovens de hoje são chamados, nomeadamente em questões como a guerra ou as alterações climáticas. “Quero convidar-vos a transformar o ‘Velho Continente’ num ‘continente novo’, e isto só é possível convosco”, porque “sois jovens atentos, menos ideologizados, habituados a estudar noutros países europeus, abertos a experiências de voluntariado, sensíveis às temáticas do meio-ambiente, por isso, sinto que há uma esperança”, sublinhou, numa mensagem aos participantes na Conferência Europeia da Juventude, que decorreu em Praga, de 11 a 13 de julho. Francisco considerou mesmo que, “vendo como está a andar este mundo guiado por adultos e idosos, parece que deveriam antes ser vós a educar os adultos para a fraternidade e a convivência pacífica!”. E mais: “Fazei ouvir a vossa voz! Se não vos ouvirem, gritai ainda mais forte, fazei barulho, tendes todo o direito de dar a vossa opinião sobre o que diz respeito ao vosso futuro”.

O Papa deixou ainda um convite para a JMJ Lisboa 2023. “Convido-vos a todos para a Jornada Mundial da Juventude do próximo ano em Lisboa, onde podereis partilhar os vossos sonhos mais belos com jovens de todo o mundo”, salientou Francisco.

 

4. O Papa apelou à paz no Sri Lanka e implorou às autoridades que não ignorem “o grito dos pobres”, na sequência da invasão de manifestantes à residência do presidente deste país, que anunciou depois a demissão. Após recitação do Angelus, no passado Domingo, 10 de julho, Francisco uniu-se “à dor do povo do Sri Lanka, que continua a sofrer os efeitos da instabilidade política e económica”. “Juntamente com os bispos do país, renovo o meu apelo à paz, imploro aos que têm autoridade para não ignorarem o grito dos pobres e as necessidades daquela gente”, apelou.

O Papa também abordou a guerra na Ucrânia, renovando a sua proximidade ao povo daquele país, “diariamente atormentado por ataques brutais que afetam a gente comum”. “Rezo por todas as famílias, especialmente pelas vítimas, pelos feridos e doentes. Rezo pelos idosos e pelas crianças. Que Deus mostre a estrada para pôr fim a esta guerra louca”, declarou. No Dia Mundial do Mar, o Papa deixou, ainda, uma palavra de solidariedade e apelou a que os homens do mar bloqueados em zonas de guerra possam regressar a casa.

Também neste dia, o Papa enviou condolências à família, autoridades e povo de Angola pela morte de José Eduardo dos Santos, recordando o antigo presidente angolano como um “ilustre estadista que se prodigalizou pela construção da pátria”. Já na véspera, sábado, 9 de julho, Francisco tinha expressado tristeza pelo assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, de 67 anos, e disse esperar que, “depois desse ato sem sentido, a sociedade japonesa se fortaleça no seu compromisso histórico com a paz e a não violência”.

 

5. “Como podemos promover o desenvolvimento das potencialidades dos migrantes e refugiados?”. A questão, em tom de desafio, é lançada pelo Papa numa mensagem vídeo que prepara o 108.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado, assinalado no último Domingo de setembro. A mensagem foi divulgada dia 8 de julho, para recordar o aniversário da visita que Francisco realizou a Lampedusa, em 2013. O Papa sublinha a importância de se “promover os seus talentos” para que “os próprios membros das comunidades cresçam juntos como sociedade”.

A Santa Sé refere que “todos estão convidados a responder à pergunta, enviando o seu contributo, com um pequeno vídeo ou fotografia, para o email media@migrants-refugees.va ou respondendo diretamente nas redes sociais da Secção Migrantes e Refugiados”.

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