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Isilda Pegado
O que “esperamos” da Política?

1. O Homem é um ser social e para viver em Sociedade são necessárias regras, valores e estímulos que sejam coordenados, declarados e cumpridos. Para isso as sociedades têm uma estrutura política.

Quem governa, terá de ter sempre presente a sociedade que lhe é dada a governar. A atenção ao outro – cidadão, munícipe ou freguês – é a primordial preocupação de um político.

2. A sociedade ocidental tem tido como padrão político a Democracia. Ora, a Democracia tem por fundamento a igual dignidade de todos os homens. Princípio que brota directa e primeiramente do Cristianismo.

Basta olhar o mundo actual, para verificar que qualquer sociedade com outra matriz cultural e religiosa, não consegue viver em Democracia.

3. Mas não basta invocar que temos uma Democracia para viver segundo um padrão de inspiração Cristã. A liberdade e a igualdade são princípios basilares do Cristianismo que informam a política e que a tornam mais servidora, ou não, do bom governo dos Homens. E, além disso, teremos ainda de processar um 3º pilar da vida em sociedade e da política, que se exprime no valor da realidade.

4. O Homem nasceu numa certa e determinada condição, é-lhe “dado” um mundo para viver e é nesse mundo, nesse ambiente, que vai procurar realizar-se, livremente. A realidade é um limite ao agir do Homem. Porém, esse limite terá de ser em cada época avaliado e validado sem esquecer o seu fim.

Ao poder político, cabe respeitar e fazer respeitar a Realidade que nos é dada.

5. Cultivamos os campos, mas não temos o direito de os destruir, apanhamos peixe, mas não temos o direito de eliminar a fauna marítima. Isto é, o uso que fazemos da Realidade, não a pode negar, tem de a respeitar. Sob pena de destruirmos o próprio Homem e o planeta.

Os movimentos ecologistas que marcaram no séc. XX têm chamado a atenção para estes factos. E, a Igreja, desde sempre pugnou por estes compromissos que o Homem tem com a realidade que o envolve.

6. Porém, nas últimas décadas temos assistido a uma tentativa, cada vez maior, de negar a realidade por parte de algumas ideologias e, acima de tudo, de certos Poderes. Nos sécs. XIX e XX foram os atentados da Indústria ao Ambiente. Hoje outros atentados se levantam, já não só ao Ambiente, mas acima de tudo atentados à condição humana.

Assistimos à criação de conceitos que nada têm a ver com a realidade. As palavras deixam de ter objecto – sabemos o que é IVG? “IGV” é a palavra, asséptica, que pretende substituir a palavra “aborto”. Que todos sabemos põe termo a uma vida humana.

7. Quando se faz uma Lei, o que se espera é que ela seja o caminho para uma vida tão plena quanto possível e que aspire à felicidade.

Na prática do aborto, nega-se o direito à vida daquele ser; nega-se o direito a ser mãe; nega-se o direito daquela família a ver crescer mais um dos seus e nega-se à Sociedade a possibilidade de ampliar as suas capacidades com mais aquela criança que maldosamente foi eliminada.

8. Tudo se inicia na Educação dos mais novos. É necessário que se eduque para a Família e para a comunidade, não precisamos de Leis que promovam os individualismos.

Depois há que reconhecer que a Família é o principal motor da Sociedade, que é ela quem cria as empresas e que sustenta o Estado. Também assim, espera-se que o Estado conheça e fomente os valores da sociedade e não o inverso (os individualismos).

9. O Estado de Direito destina-se a proteger a vida ou a morte?

Podemos nesta Europa do séc. XX negar que foi aqui que nasceu a Universidade, o Direito, a Ética, o Humanismo, e as grandes conquistas de Humanidade, para promover a vida? Como procuramos agora políticas de morte?

10. O materialismo implementado está a criar o medo de viver. O sofrimento tornou-se uma bandeira para amedrontar. E… a Eutanásia é a resposta.

11. Ou ainda um último aspeto – a Reprodução artificial – que transforma a mãe num gâmeta sexual – deixando de ser uma pessoa. Todo o comércio do corpo humano na sexualidade transformou o homem num escravo.

A política que serve esta destruição não serve o Homem, não serve a sociedade!

A política tem de assumir as suas responsabilidades. O Homem não é um ser individualista e o que se espera de quem conduz os destinos da Sociedade é uma política social em todos os domínios e não apenas na esmola/subsidio.

12. Estamos a iniciar uma nova Legislatura. O que esperamos do novo ciclo político. Leis de morte? Destruição da Família e das famílias? Ou vamos construir uma sociedade onde há lugar para todos? O início e o fim da vida têm proteção legal e social? Ser homem/mulher e Ser Livre, são sinónimos? Só a Política que não despreze as pessoas, a Política que não deixe os mais vulneráveis estregues á sua sorte, pode gerar mais Bem Comum e mais felicidade.

 

Isilda Pegado,

Presidente da Federação Portuguesa pela Vida