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“Putin não pára e, por isso, quero encontrar-me com ele em Moscovo”
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O Papa Francisco partilhou o desejo de se encontrar com o presidente russo, o que foi rejeitado. Na semana em que pediu a abertura de corredores humanitários seguros em Mariupol, o Papa garantiu que a fé “não é coisa de velhos”, elogiou a resposta dos farmacêuticos durante a pandemia e pediu orações pelos jovens durante o mês de maio.

 

1. O Papa está disponível para ir à capital russa para falar com Vladimir Putin sobre a situação na Ucrânia. Numa entrevista ao diário italiano ‘Corriere de la Sera’, Francisco adianta que, 20 dias depois do início do conflito, o Vaticano enviou ao presidente russo uma mensagem a manifestar disponibilidade para esse encontro, mas ainda não recebeu uma resposta. Ainda assim, mesmo temendo que Putin não possa e não queira ter este encontro agora, o Papa garante que vai continuar a insistir. Já quanto a visitar Kiev, Francisco considera que este não é o momento. Refere que enviou o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, e o cardeal Konrad Krajewski, esmoleiro pontifício, que se deslocaram ao território quatro vezes. “Sinto que não preciso ir. Primeiro tenho que ir a Moscovo, primeiro tenho que me encontrar com Putin. Mas também sou padre, o que posso fazer? Eu faço o que eu posso. Se Putin abrir a porta...”, referiu o Papa.

Quanto aos contactos que manteve com o Patriarca Kiril, chefe da Igreja Ortodoxa russa, no sentido de ajudar a tornar possível esse encontro, o Papa recordou uma reunião online em que Kiril lhe apresentou todas as justificações para a guerra. Em resposta, Francisco disse-lhe que não se pode transformar num “acólito do poder de Putin”. O Papa destacou ainda que “para a paz não há vontade suficiente”, realçando que “a guerra é terrível e devemos gritar”.

Entretanto, o Patriarcado Ortodoxo de Moscovo reagiu à entrevista concedida pelo Papa, considerando que Francisco “deturpou a sua conversa” com Kiril. Em comunicado, o Departamento para as Relações Exteriores da Igreja Ortodoxa Russa repete argumentos que justificam o que Moscovo denomina como intervenção militar e acusa o Papa de ter dado conta da conversa com o Patriarca de Moscovo, a 16 de março, num “tom errado”. Já o Governo da Rússia anunciou quarta-feira, 4 de maio, que não haverá, de momento, um encontro entre o Papa Francisco e o presidente do país, Vladimir Putin, como tinha sido solicitado. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou que Moscovo e o Vaticano “não alcançaram um acordo” para esta audiência, a respeito da guerra na Ucrânia.

 

2. O Papa apelou a que sejam garantidos corredores humanitários seguros em Mariupol. “O meu pensamento vai para Mariupol, cidade de Maria barbaramente bombardeada e destruída. Renovo o pedido para que os corredores humanitários sejam preparados e sejam seguros. Sofro e choro pensando no pensamento da população ucraniana, em particular dos mais fracos, os idosos e as crianças, perante a terrível notícia de crianças expulsas e deportadas, enquanto assistimos a uma regressão macabra da Humanidade”, lamentou o Santo Padre, no passado Domingo, 1 de maio, após a oração mariana do Regina Coeli. “Tal como muitas pessoas aflitas, pergunto se estamos realmente a procurar a paz, se há vontade de evitar uma contínua escalada militar e verbal, se está a ser feito tudo que é possível para que as armas se calem”, questionou. “Por favor, não se rendam à lógica da violência, à espiral perversa das armas. Sigam o caminho do diálogo e da paz”, apelou.

Já na véspera, o Papa tinha agradecido à Eslováquia o apoio a refugiados da Ucrânia. “Exorto-vos a continuar a rezar e a trabalhar pela paz, que é construída na nossa vida quotidiana, também com estes gestos de caridade acolhedora. E sei que é solidário não só com os seus irmãos e irmãs vizinhos, mas também com aqueles que estão longe”, apontou Francisco, num discurso aos peregrinos eslovacos recebidos no Vaticano.

 

3. O Papa lamentou que a prática religiosa seja vista como um resquício do passado, sublinhando que a fé “não é coisa de velhos”. “Com humilde firmeza, demonstraremos, precisamente na nossa velhice, que acreditar não é ‘coisa de velhos’. Não, é coisa de vida, acreditar é o Espírito Santo, que faz novas todas as coisas”, declarou, durante a audiência-geral de quarta-feira, 4 de maio, que decorreu na Praça de São Pedro.

Após a reflexão, o Papa saudou os peregrinos de vários países, incluindo os de língua portuguesa. “Começamos há pouco o mês de maio, que tradicionalmente chama o povo cristão a multiplicar os gestos diários de veneração à Virgem Maria. O segredo da sua paz e coragem era esta certeza: ‘A Deus, nada é impossível’. Precisamos de aprender isto com a Mãe de Deus; mostremo-nos agradecidos, rezando o terço todos os dias. Que Deus vos abençoe e Nossa Senhora vos proteja”, declarou.

No final da audiência, o Papa pediu desculpa por cumprimentar as pessoas sentado, em consequência do problema que o tem afetado no joelho. “É uma coisa passageira, esperemos que passe depressa”, desejou.

 

4. O Papa elogiou o papel desempenhado pelos farmacêuticos durante a pandemia de covid-19, considerando-os como uma “ponte” ao serviço dos cidadãos. “A pandemia de covid-19 colocou os farmacêuticos, por assim dizer, na linha da frente. Os cidadãos, muitas vezes perdidos, encontraram em vocês um ponto de referência para assistência, aconselhamento, informação e também – bem o sabemos – para poder realizar rapidamente os exames necessários à vida e às atividades diárias”, referiu Francisco, ao receber uma delegação da Federação Internacional dos Farmacêuticos Católicos, sublinhando que estes profissionais “podem ajudar muito para promover uma verdadeira ‘vida saudável’, que não seja um privilégio de poucos, mas ao alcance de todos”.

 

5. O Papa Francisco dedica aos jovens as suas intenções de oração para o mês de maio. Numa breve declaração vídeo, o Santo Padre aponta, neste mês de maio, para Maria como modelo para os jovens, “pela sua coragem, pela sua escuta e dedicação ao serviço” e porque Ela “foi corajosa e determinada em dizer sim ao Senhor”. Através da Rede Mundial de Oração do Papa, Francisco convida os jovens a arriscar “construir algo novo, um mundo melhor”, sem esquecer que “para seguir Maria precisam discernir e descobrir o que Jesus quer de vocês, e não o que vocês pensam que podem fazer”. O Papa convida-os ainda a escutar os avós, porque “nas palavras dos avós, encontrarão uma sabedoria que vos levará para além das questões do momento” e a uma “visão geral mais serena das vossas preocupações”.

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