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Roma
“Crueldades cada vez mais horrendas, contra civis, mulheres e crianças inocentes”
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O Papa Francisco lamentou as atrocidades em Bucha e exibiu uma bandeira da cidade ucraniana. Na semana em que foi conhecida a intenção de oração para o mês de abril, foi noticiada uma possível visita do Papa à Ucrânia, no voo de regresso de Malta. Francisco falou ainda do autismo.

 

1. O Papa denunciou a existência de “crueldades cada vez mais horrendas” contra civis mulheres e crianças inocentes na Ucrânia. “As recentes notícias sobre a guerra na Ucrânia em vez de trazer alívio e esperança atestam novas atrocidades como o massacre de Bucha. Crueldades cada vez mais horrendas, perpetradas também contra civis, mulheres e crianças inocentes. São vítimas cujo sangue inocente brada e implora que se ponha fim a esta guerra. Que se calem a armas, que se deixe de semear morte e destruição. Rezemos junto por isto”, frisou Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, 6 de abril. Na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Papa mostrou depois uma bandeira de Bucha, cidade nos arredores de Kiev, e chamou para junto de si algumas crianças ucranianas que foram acolhidas em Itália. “Esta bandeira vem da guerra, exatamente daquela cidade martirizada Bucha. E aqui também estão algumas crianças ucranianas que nos acompanham. Saudemo-las e rezemos juntos com elas”, pediu, apelando a que não se esqueça a triste realidade ucraniana: “Estas crianças tiveram de fugir e chegaram a terra sã. Este é um dos frutos da guerra. Não esqueçamos. Não esqueçamos o povo ucraniano”.

Para Francisco, a guerra na Ucrânia testemunha a impotência das Nações Unidas. “Após a Segunda Guerra Mundial foram feitas tentativas para lançar as bases de uma nova história de paz, mas infelizmente a velha história de grandes potências concorrentes continuou. E, na atual guerra na Ucrânia, estamos a testemunhar a impotência das Nações Unidas”, lamentou.

Ainda neste dia, na sequência do comunicado da Presidência libanesa de que “o Núncio Apostólico, Arcebispo Joseph Spiteri, informou o Presidente da República, Michel Aoun, que o Papa Francisco vai visitar o Líbano em junho”, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou que “é uma hipótese em estudo” a possibilidade de uma viagem do Papa ao Líbano.

 

2. O Papa considera que “um bom serviço de saúde, acessível a todos, é uma prioridade”. A mensagem de Francisco foi divulgada esta terça-feira, 5 de abril, através de um vídeo com a intenção de oração para o mês de abril, da Rede Mundial de Oração pelo Papa, onde é elogiada a “generosidade dos profissionais de saúde” e lembrado que “o serviço de saúde não é apenas uma organização, mas que aí estão homens e mulheres que dedicam a sua vida a cuidar da saúde do outro”. “E que deram a vida durante esta pandemia para ajudar tantos doentes a recuperarem”, destacou Francisco, nesta edição de ‘O Vídeo do Papa’.

 

3. O Papa Francisco confirmou a disponibilidade para ir a Kiev, no caso de a visita à Ucrânia “ajudar a melhorar a situação”. O anúncio foi feito em pleno voo de regresso a Roma após a viagem a Malta. “Estou disposto a fazer tudo o que puder ser feito. A Santa Sé na área diplomática está fazendo tudo, tudo. Nem tudo o que fazemos pode ser publicado, por prudência e discrição. Mas estamos no limite. E entre as possibilidades está a viagem. Uma delas foi solicitada pelo presidente da Polónia, e enviámos o cardeal Konrad Krajewski. Ele foi duas vezes. A outra viagem que me pediram, e digo-o com toda a sinceridade... tenho-a em mente. A disponibilidade está sempre presente. Estou disponível. Mas não sei se pode ser feito, se é conveniente fazer e se é bom”, declarou o Papa aos jornalistas.

 

4. Na visita a Malta, o Papa sublinhou que os centros de acolhimento de refugiados “são laboratórios de paz” e apelou a que este pequeno país seja um “porto seguro” para os refugiados. No Centro de Migrantes ‘João XXIII Peace Lab’, em Hal Far, que recebe pessoas da Somália, Eritreia e Sudão, Francisco encontrou-se no Domingo, 3 de abril, com cerca de 200 migrantes, pedindo que não vingue a resignação e o conformismo do “não há nada a fazer”, e aproveitou o testemunho de migrantes para denunciar a violação de direitos humanos, “infelizmente, com a cumplicidade das autoridades competentes”. O Papa alertou também para “o ‘naufrágio da civilização’, que ameaça não só os deslocados, mas a todos nós”. De acordo com o Santo Padre, só é possível a salvação deste naufrágio “comportando-nos com humanidade” ao “olhar as pessoas não como números, mas pelo que são”, isto é, como “rostos, histórias, simplesmente homens e mulheres, irmãos e irmãs”. Francisco partilhou ainda um sonho: “Que vós, migrantes, depois de terem experimentado um acolhimento rico em humanidade e fraternidade, possais tornar-vos pessoalmente testemunhas e animadores de acolhimento e fraternidade”.

No último dia da viagem apostólica a Malta, o Papa visitou a Gruta de São Paulo e, depois, durante a Missa na Praça Granai, perante cerca de 20 mil fiéis, alertou para “a traça da hipocrisia e o vício de apontar o dedo”, que se podem insinuar “até na nossa religiosidade”. Na recitação do Angelus, o Papa apelou à oração e à solidariedade, perante a “tragédia humanitária” na Ucrânia. “Rezemos agora pela paz, pensando na tragédia humanitária da martirizada Ucrânia, ainda sob os bombardeamentos desta guerra sacrílega. Não nos cansemos de rezar e ajudar quem sofre”, pediu Francisco.

Na véspera, sábado, 2 de abril, o Papa chamou à atenção, no discurso perante as autoridades e o corpo diplomático, para o risco de uma “guerra fria alargada”, falando de um “vento gelado da guerra”, responsabilidade de “um poderoso qualquer, tristemente fechado em anacrónicas reivindicações de interesses nacionalistas”.

 

5. O Papa defendeu a necessidade de “uma cultura de inclusão e pertença, trabalho conjunto e participação ativa”, ao encontrar-se a 1 de abril com a Federação italiana de Autismo, para assinalar o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, que se celebrava no dia seguinte. Francisco exortou a uma “mudança de mentalidade”, defendendo a necessidade de “continuar a sensibilizar para os vários aspetos da deficiência, quebrando preconceitos e promovendo a cultura de inclusão e da pertença, baseada na dignidade da pessoa”. “É a dignidade de todos aqueles homens e mulheres mais frágeis e vulneráveis, que são muitas vezes marginalizados por serem rotulados como diferentes ou até inúteis, mas que, na realidade, são uma grande riqueza para a sociedade”, manifestou o Papa.

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