Especiais |
Escreve Eugénio Fonseca
Em memória de Leovegildo Moacho
<<
1/
>>
Imagem

O primeiro presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) terminou a sua passagem por este mundo, no passado dia 25 de fevereiro. Leovegildo, sempre acompanhado pela sua dedicada esposa, Mª Helena, entre 1974[1] e 2008, serviu a causa dos pobres, em e pela Igreja, através da Cáritas.

Conheci-o nos anos 80. Cativou-me a sua disponibilidade ao colocar os serviços e programas da Cáritas da sua Diocese à disposição da Cáritas Diocesana de Setúbal (CDS) na qual eu tinha começado a colaborar. Sempre foi afável e educado no trato, fiel na amizade, discreto na ação, cristão comprometido. Como qualquer ser humano nem tudo fez bem feito, mas essa dimensão é mais com Deus que connosco.

O Leovegildo foi um dos pioneiros do rejuvenescimento da Cáritas em Portugal, juntamente com o Cónego José Mendes Serrazina, António Lages Raposo e Acácio Catarino. Outros também hão-de ter tido igual relevância, mas refiro os que conheci mais de perto. Sob a sua orientação, a CDL foi pioneira no investimento na formação dos agentes da ação social e caritativa. A capacitação de quem se encarregava do atendimento social nas paróquias levou à realização de inúmeros cursos de “atendimento/acolhimento”, assim se designava, nos quais António Estanqueiro deu um inestimável contributo. A realização de várias sessões deste curso foi o primeiro passo para um intercâmbio recorrente e frutuoso entre as Cáritas Diocesanas de Lisboa e a de Setúbal. Leovegildo e a sua esposa foram sempre presenças muito encorajadoras nas iniciativas mais relevantes da CDS e sempre abriram as portas da CDL a todas as Cáritas existentes no país para, numa partilha fraterna, disponibilizarem os seus programas socioeclesiais. Na área da formação também não foi esquecida a promoção humana e profissional das pessoas atendidas pela Cáritas, sem esquecer a sensibilização para o desenvolvimento local. Recordo a sua preocupação com a indignidade existente nos bairros de barracas existentes em Lisboa e o seu entusiasmo em colaborar na reflexão para superar este flagelo social que levou o saudoso Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro a escrever uma Carta Pastoral[2] que teve enorme impacto nacional.

A sua grande preocupação, mais que criar equipamentos sociais, foi que as paróquias tivessem grupos de ação sociocaritativa, por ter a plena consciência de que esse é o epicentro do testemunho organizado da caridade. Fez deste desiderato uma das principais prioridades da CDL.

Nos anos em que os recursos humanos da Cáritas Portuguesa (CP) ficaram reduzidos a três pessoas, a maior parte do trabalho logístico e organizativo da CP foi confiado à CDL.

Quando fui convidado a substituir o insubstituível Acácio Catarino, a primeira pessoa que convidei para a Direção da Cáritas Portuguesa foi ele. Não aceitou. Compreendi as razões. Contudo foi sempre um cooperante leal e entusiasta.

Leovegildo Moacho deixou uma marca na Cáritas, em Portugal, que a morte não tem força para apagar, porque foi selada pela vivência da caridade libertadora. Porque Deus é amor, ele já foi centripetado por Ele. Por tudo e por tanto, obrigado Leovegildo.

 

Eugénio Fonseca




 

[1] Entre 1974 e 1976 como colaborador da Delegação do Patriarcado de Lisboa da designada União da Caridade Portuguesa, atualmente, Cáritas Portuguesa. A Cáritas Diocesana de Lisboa foi criada em 1976.

[2] Carta Pastoral sobre algumas questões da habitação e do urbanismo em Lisboa (1984).

A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES