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Roma
“Preparar o caminho Àquele que vem preencher todas as fraquezas humanas”
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O Papa Francisco pediu aos cristãos que “abram o coração” na preparação do Natal. Na semana em que garantiu que a pandemia colocou em crise muitas certezas, o Papa ofereceu as ‘Bem-aventuranças do Bispo’, convidou à “partilha de pequenos gestos de amor”, pediu aos jovens que andassem contracorrente e recebeu os membros da Academia Sueca.

 

1. O Papa Francisco convidou os cristãos a preparem o Natal com a ajuda dos “símbolos” do Advento, tempo litúrgico que tem início neste Domingo, 28 de novembro. O Advento “prepara-nos para a celebração do mistério da Encarnação do Filho de Deus e recorda-nos que a vida humana é uma espera contínua”, afirmou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, dia 24, sublinhando que este tempo ajuda a recentrar no essencial e a transformar “a esperança na certeza de que Aquele que esperamos nos ama e nunca nos abandona”. “Desejo que cada um de vós abra o seu coração ao Senhor, para preparar o caminho Àquele que vem preencher todas as nossas fraquezas humanas com a luz da sua presença”, acrescentou Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano.

No encontro público semanal, o Papa prosseguiu o ciclo de reflexões sobre São José. “Todos podem encontrar em São José o homem que passa despercebido, o homem da presença diária, discreta e escondida, um intercessor, um apoio e um guia em tempos de dificuldade”, garantiu. Aos peregrinos de língua portuguesa, Francisco referiu-se à próxima Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, propondo a figura de São José como exemplo e referência até 2023. “Nesta peregrinação espiritual, deixemo-nos fascinar pelo coração humilde e disponível de São José para com os outros. Seguindo o seu exemplo, cuidemos das relações significativas na nossa vida”, aconselhou.

 

2. O Papa considera que a pandemia levanta questões fundamentais sobre a sociedade e a vida, exigindo respostas que apresentam “uma nova perspetiva humanista”. Numa mensagem vídeo aos participantes da Assembleia Plenária do Conselho Pontifício para a Cultura, na terça-feira, 23 de novembro, Francisco lembrou que “a pandemia colocou em crise muitas certezas em que se baseia o nosso modelo social e económico, revelando a sua fragilidade: relações pessoais, formas de trabalho, vida social e até mesmo a prática religiosa e a participação nos sacramentos. Mas também, e acima de tudo, voltou a colocar, com força, as interrogações fundamentais da existência: a pergunta sobre Deus e o ser humano”. O Papa elogiou a escolha do tema, face à crise provocada pela covid-19, e propôs uma visão positiva da pessoa, como “servidora da vida” e construtora do bem comum, “com os valores da solidariedade e da compaixão”. “Hoje, mais do que nunca, o mundo precisa de redescobrir o significado e o valor do humano em relação aos desafios que têm de ser enfrentados”, observou.

Ainda neste dia, o Papa enviou uma mensagem de pesar ao Arcebispo de Milwaukee, D. Jerome Listecki, em solidariedade pelas vítimas da tragédia na cidade de Waukesha, em Wisconsin, nos Estados Unidos, que provocou cinco mortos e dezenas de feridos, após o atropelamento num desfile de Natal. Entre os feridos estão um padre, vários paroquianos e alunos da escola católica local.

 

3. O Papa inaugurou a assembleia extraordinária da Conferência Episcopal Italiana, no dia 22, distribuindo aos 200 participantes um postal com a imagem do Bom Pastor e o texto das ‘Bem-aventuranças do Bispo’. O texto, escrito pelo Arcebispo de Nápoles, D. Domenico Battaglia, fornece encorajamento e orientação pastoral não apenas aos Bispos italianos, mas aos mais de cinco mil prelados católicos que existem em todo o mundo. As oito bem-aventuranças oferecem um retrato de como deve ser um pastor no século XXI, e são um apelo a servir e sujar as mãos, a enxugar as lágrimas e trabalhar pela justiça, paz e reconciliação, para encontrar o bem mesmo nas piores situações e para trabalhar para construir a fraternidade no mundo de hoje.

 

4. O Papa convidou a preparar o próximo Natal com “pequenos gestos de amor”, sublinhando a importância da “compaixão” para celebrar o nascimento de Jesus, em tempos de pandemia. “A festa do nascimento de Cristo não é dissonante em relação à provação que vivemos, porque é por excelência a festa da compaixão, a festa da ternura. A sua beleza é humilde e cheia de calor humano”, referiu, ao receber, no Vaticano, no dia 22, os participantes e organizadores do ‘Christmas Contest’, um concurso que dá voz aos jovens, convidando-os a criar novas canções inspiradas no Natal e nos seus valores.

 

5. Na celebração da Missa de Solenidade de Cristo Rei, o Papa Francisco pediu aos jovens que andassem contra a corrente. “Na liberdade de Jesus, encontramos também a coragem de ir contracorrente: não contra alguém, como os que se fazem de vítima e os conspiradores que sempre dão a culpa aos outros. Isso não, mas contra a corrente doentia do nosso eu egoísta, fechado e rígido, para seguirmos o rasto de Jesus. Ele ensina a lançar-nos contra o mal só com a forca mansa e humilde do bem. Sem atalhos, nem falsidades”, afirmou o Papa, na Basílica de São Pedro.

Mais tarde, após a oração do Angelus, Francisco pediu aos cristãos para serem verdadeiros. “Todos somos pecadores. Mas, quando alguém vive sob o senhorio de Jesus, não se torna corrupto, não se torna falso, inclinado a encobrir a verdade. Não existe vida dupla. Lembrem-se bem disto: pecadores sim, somos todos, corruptos nunca”, concluiu, perante os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano.

 

6. Numa audiência no Vaticano com os membros da Academia Sueca, responsável pela escolha dos vencedores do Prémio Nobel de Literatura, o Papa considerou que “a longa crise da pandemia está a prejudicar a capacidade de dialogar com os outros”. Na sua intervenção, a 19 de novembro, Francisco apontou que “cada um encontra-se um pouco mais distante do outro, um pouco mais fechado, talvez mais desconfiado ou simplesmente estamos menos inclinados a encontrar-nos, a trabalhar lado a lado, com a alegria e o esforço de construir algo juntos”. O Papa admitiu que esta tendência pode levar a uma “cultura da indiferença”, convidando a promover uma “prática diária do encontro e do diálogo”, que permita o crescimento da “amizade social”.

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