Entrevistas |
Padre Pedro Tavares, diretor do Serviço Diocesano de Acólitos
“Acólitos foram originais na sua forma de ação”
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O diretor do Serviço Diocesano de Acólitos (SDA) enaltece o papel dos grupos de acólitos durante a pandemia e fala do desafio de “conseguir reaproximar novamente aqueles que desapareceram”. Em entrevista ao Jornal VOZ DA VERDADE, o padre Pedro Tavares faz o balanço das sete reuniões de responsáveis pela diocese, deixa o convite para uma atividade orante e adianta como poderá ser a participação dos acólitos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.

 

O Serviço Diocesano de Acólitos organizou, em outubro e novembro, sete reuniões de formação com os responsáveis dos grupos de acólitos. Qual o objetivo destes encontros e que balanço fazem?

Vimos de um período de dois anos de pandemia. Os grupos, muitos deles, cancelaram as suas atividades, muitos não puderam acolitar nas celebrações nestes dois anos como faziam antes e, portanto, neste primeiro momento e como que a relançar as atividades do Serviço, pareceu-nos importante percebermos o estado dos acólitos nas várias paróquias. Sabemos que a nossa diocese é muito ampla, muito diferente, e pareceu-nos bem, antes de propormos algo aos nossos acólitos, que seria bom reunirmos com eles. Por isso, dividimo-nos em sete lugares, para facilitar a deslocação de cada responsável, para sabermos como estão as coisas, que impacto é que a pandemia teve na vida dos acólitos, na vida das paróquias e para irmos às suas raízes, ao encontro dos vários grupos. Sabemos que, excetuando o Encontro Diocesano de Acólitos, é muito difícil motivar os acólitos para as atividades diocesanas mais pequenas, seja um retiro ou uma formação, pelo que pensámos que seria melhor irmos ao encontro deles, falar-lhes, dar-lhes uma palavra de conforto, de esperança e de agradecimento pelo serviço que prestam às paróquias e à diocese.

Atrevo-me a dizer que, desde que sou diretor do SDA, há quatro anos, foram talvez os momentos em que conseguimos reunir mais responsáveis de acólitos. Tivemos 57 paróquias a participar e fazemos um balanço muito bom. Olhando para a realidade da diocese, ainda é uma ínfima parte, mas ainda assim foram 57 que vieram para estar. Ou seja, já há algum caminho feito e há qualquer coisa que cresceu.

 

Das informações que recolheram nos encontros, de que forma as paróquias procuraram estar próximas dos acólitos durante a pandemia? Houve grupos que se perderam?

Regra geral, a pandemia afetou os grupos dos acólitos. Acima de tudo porque o grupo dos acólitos, na sua grande maioria, é formado por crianças, adolescentes e jovens. O medo do vírus, os pais que não levam os miúdos à Missa, isso afetou e muito. O que fomos escutando é que os acólitos acabaram por ser originais na sua forma de ação e de continuar a motivar, nestes dois anos, para não perder os seus grupos. Uns, aproveitaram a oportunidade e serviram também de equipas de acolhimento; outros, mantiveram as suas reuniões mensais ou bimensais a nível online. Portanto, foram procurando várias formas de poderem estar com os acólitos e não serem dois anos de vazio.

Senti, de facto, esta dificuldade neles de como é que agora vão conseguir reaproximar novamente aqueles que desapareceram. Porque, na verdade, foram dois anos de muitas regras, muitas restrições, e a grande dificuldade – que já existia antes da pandemia – é como motivar crianças e adolescentes para se sentirem atraídos por Jesus e pelo serviço ao altar. Ou seja, como é que agora, depois de terem perdido a força, o treino, o hábito, como é que vamos voltar a estar com eles. Nestas reuniões, também escutei coisas bonitas e senti, da parte dos responsáveis de acólitos – e, por isso, agradeci-lhes muito –, a coragem e a perseverança, porque, na verdade, eles procuraram não perder os seus acólitos. É muito gratificante perceber isso.

 

Segundo as últimas estatísticas – relativas a 2020 e no universo de 70% das 285 paróquias – há 2871 acólitos na diocese. Que apoio o SDA tem procurado prestar às paróquias durante a pandemia?

O Serviço não tem como objetivo substituir os párocos, nem substituir os grupos dos acólitos. A pedido do Bispo, colaboramos com os párocos e com os grupos para potenciar o gosto e o zelo pela liturgia. Naturalmente, o Serviço vive dos acólitos. Se eles não existem ou se a sua atividade foi impossibilitada, claro que o Serviço também ficou de pés e mãos atados. Nestes dois anos, não pudemos fazer o Encontro Diocesano de Acólitos, mas fizemos, no ano passado, por esta altura, um encontro de formação, que se ia realizar na Portela e acabou por ser online, sobre o ciclo do Advento e do Natal. Tivemos cerca de 30 participantes, incluindo de outras dioceses. Nesta última Quaresma, achámos que já existiam muitas atividades e propostas e entendemos que seria interessante, às sextas-feiras, lançarmos um podcast de três, quatro minutos, intitulado ‘À minha porta’, em que acompanhássemos alguns passos da Via-Sacra de Jesus. Era uma proposta de oração e meditação, tipo ‘Passo-a-Rezar’, para os acólitos irem percebendo que a Páscoa também podia acontecer à porta deles. Não é porque estávamos fechados em casa que a Páscoa deixaria de acontecer. Quisemos fazer este tipo de formação porque parece-me importante dinamizar, provocar, potenciar a expressão da oração nos nossos grupos de acólitos.

 

O Encontro Diocesano de Acólitos não se realizou em 2020 e neste ano de 2021 também não está previsto decorrer. Que outras atividades diocesanas o SDA vai organizar neste ano pastoral?

Com o levantamento das restrições muito próximas de outubro, não quisemos repensar o encontro diocesano que já há uns anos acontece nesta altura de outubro, novembro. Mudar a data também nos pareceu que iríamos ficar muito próximos da Peregrinação Nacional de Acólitos, que acontece em maio e foi o motivo pelo qual tínhamos passado de abril para outubro, novembro. Faremos o Encontro Diocesano de Acólitos, se Deus quiser, no próximo ano, por esta altura.

Para este ano pastoral, pensámos numa proposta mais orante e noutra mais formativa. A proposta orante deste ano é fazermos, na Quaresma, entre sexta-feira, sábado e Domingo, uma peregrinação a pé a Fátima, desde o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, para acólitos a partir dos 14, 15 anos. Vamos descontraídos, vamos a Fátima, vamos a pé, vamos a rezar, vamos a contar histórias, vamos a rir, vamos a divertir-nos, noutro ambiente que não uma casa de retiros. Vamos um pouco na resposta que o Papa quer para a JMJ, de sairmos em peregrinação, sairmos em missão e sentirmo-nos chamados a ir ao encontro da Nossa Senhora. Não faremos o retiro, faremos esta proposta orante, de 11 a 13 março, no Domingo II da Quaresma do próximo ano.

Relativamente à formação, nas referidas reuniões pela diocese lançámos o convite aos vários responsáveis para que, em vez de propormos um tema e um lugar, fossem os grupos a dizerem as dificuldades que têm e o Serviço Diocesano disponibiliza-se para fazer formação in loco. Estamos a trabalhar numa mailing list para recolher os contactos dos responsáveis e vamos devolvê-los, por vigararias, para eles começarem a criar redes de relações uns com os outros, vicarialmente, para se ajudarem, para prepararem a formação, para se reunirem, conhecerem-se e partilharem conhecimentos. A formação que propusemos para este ano é localmente, em função das necessidades e dos pedidos que nos aparecerem, sendo que pode ser algo mais teórico, mais prático ou de oração. No fundo, queremos chegar o mais próximo possível aos acólitos e criarmos esta relação que se foi perdendo, infelizmente, entre o Serviço e os acólitos, e perceber que o Serviço existe não para emanar regras, mas para servi-los e ajudá-los a potenciar e a gostarem mais da liturgia nas suas paróquias.

Finalmente, teremos a Peregrinação Nacional de Acólitos, no dia 30 abril – uma vez que o dia 1 de maio é um Domingo –, que não é organização nossa, mas que vamos propor e motivar os nossos acólitos da diocese a participarem. Depois, participaremos e motivaremos os nossos acólitos a participarem na Peregrinação Internacional dos Ministrantes, organizada pela ‘Coetus Internationalis Ministrantium’, uma plataforma internacional de acólitos, que vai decorrer em Fátima, de 25 a 28 agosto de 2022. É um encontro sobretudo para acólitos da Europa, e não só, que surge como forma de preparação dos acólitos para a Jornada Mundial da Juventude.

 

De que forma os acólitos vão poder participar na JMJ Lisboa 2023?

Essa é uma questão que me têm feito várias vezes. A nível das grandes celebrações com o Papa, é algo que ainda está a ser pensado e pode eventualmente ser pedido auxílio aos acólitos em alguma logística litúrgica. O pedido de ajuda que o Serviço da Liturgia da Jornada vai pedir aos acólitos é que se inscrevam como voluntários para estas necessidades logísticas da própria Jornada.

Os acólitos das paróquias de acolhimento e das paróquias da cidade poderão e deverão ajudar, porque vão haver muitas celebrações nas várias igrejas. Aí, os acólitos serão chamados, localmente, a ajudar o pároco, os grupos, a estarem presentes, a dinamizarem a liturgia, de forma bela, solene e capaz. É uma grande ajuda que os acólitos poderão dar à Jornada Mundial da Juventude.

 

 

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Facebook: www.facebook.com/acolitoslisboa

Email: acolitos@patriarcado-lisboa.pt 

 

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“Acólitos são chamados a tornar as celebrações lugares de encontro com o Senhor”

Como pode o acólito viver plenamente a liturgia?

É importante perceber que ser acólito é muito mais do que fazer coisas. O Papa Francisco, na última Peregrinação Internacional de Acólitos, frisou isso bem. Nós não somos protagonistas, mas instrumentos de Deus para ajudar a Igreja que está em oração a oferecer o sacrifício a Deus. Isto é maravilhoso! O acólito tem a oportunidade de estar diante do altar, com os seus olhos, com a sua boca, a emprestar as suas mãos, para estar ao serviço para que aquele grande milagre possa acontecer e toda a gente, nele, possa participar. Por isso, é fundamental a beleza e o zelo pela liturgia. Temos, na liturgia, acólitos, que estão ali, semanalmente, mas como fazemos com que a liturgia, que eles estão a celebrar, não seja um ‘circo’, mas um manancial, uma fonte, um sentido para a sua vida, onde eles encontram, de facto, Cristo Ressuscitado? Nós podemos aproveitar aquilo que a liturgia nos dá para ajudar as crianças, os adolescentes e os jovens a conhecerem Cristo sem tornar a liturgia um ‘circo’, um festival, mas de forma bela, solene, com as capacidades que cada um, e verdadeira. Os acólitos são chamados a tornar as suas celebrações lugares belos, lugares de encontro com o Senhor. 

 

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Encontros em toda a diocese

As paróquias de Loures, Carregado, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Portela, Nova Oeiras e Massamá receberam, de 23 de outubro a 13 de novembro, as reuniões do Serviço Diocesano de Acólitos com os responsáveis dos grupos paroquiais, que juntaram 57 paróquias.

 

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Perfil

O padre Pedro Tavares, de 29 anos, foi ordenado a 2 de julho de 2017 e nomeado diretor do Serviço Diocesano de Acólitos a 16 de novembro desse ano. Natural da paróquia de Peniche, este jovem sacerdote destaca a importância do acolitado no seu caminho de vocação. “Ser diretor do SDA tem, para mim, muito significado, precisamente porque o acolitado, na minha vida cristã e vocacional, foi fundamental. Fiz a Primeira Comunhão e entrei logo para os acólitos, com 8, 9 anos, por minha vontade, e foi muito importante na descoberta de quem é Jesus, o que sou chamado a fazer no altar. Claro que também passei pelas minhas crises da adolescência, mas nunca me afastei dos acólitos e a minha prioridade era sempre o serviço do altar. Os momentos mais importantes da minha vocação iniciam-se precisamente numa atividade de acólitos da minha paróquia, um retiro para a festa de acólitos, em que me senti interpelado por uma passagem do Evangelho”, partilha este responsável.

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