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“Com a presença do Espírito, salvaguardamos a liberdade”
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O Papa Francisco destacou a necessidade de “invocar o Espírito Santo com mais frequência”. Na semana em que foi anunciada a canonização do beato Carlos de Foucauld, o Papa alertou para a violência em África, foi anunciado que vai visitar o Chipre e a Grécia e exortou os bispos franceses a “carregar o fardo” dos abusos “com fé e esperança”.

 

1. O Papa considerou que o cristianismo deve ser “livre” e inspirado pelo Espírito, e convidou os cristãos a invocarem este dom, diariamente. “Com a presença do Espírito, salvaguardamos a liberdade. Seremos livres, cristãos livres, não apegados ao passado no mau sentido da palavra, não acorrentados a práticas. A liberdade cristã é que nos faz amadurecer”, salientou Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, 10 de novembro. Na Sala Paulo VI, o Papa sublinhou a necessidade de “invocar o Espírito Santo com mais frequência”, na oração diária, “espontânea”, no coração de cada um. “Esta oração irá ajudar-nos a caminhar no Espírito, na liberdade e na alegria, porque quando o Espírito Santo vem, vem a alegria, a verdadeira alegria”, acrescentou.

A catequese semanal encerrou o ciclo de reflexões do Papa dedicadas à Carta de São Paulo aos Gálatas. “Foi um verdadeiro teólogo, que contemplava o mistério de Cristo e o transmitia com a sua inteligência criativa. E foi também capaz de exercer a sua missão pastoral a uma comunidade desorientada e confusa. O encontro com Cristo Ressuscitado conquistou e transformou toda a sua vida, e ele dedicou-a inteiramente ao serviço do Evangelho. Este é Paulo”, lembrou o Papa, sobre o apóstolo.

No final do encontro público semanal, no Vaticano, o Papa Francisco dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa, aludindo à tradicional evocação dos fiéis defuntos. “O mês de novembro lembra-nos o destino eterno que nos espera e lembra-o de várias formas, sendo uma delas a recordação saudosa dos nossos entes queridos defuntos. Eles deixaram-nos um dia com o pedido, tácito ou explícito, da nossa ajuda espiritual na sua travessia para o Além. Sabeis que as nossas mãos em oração chegam até ao Céu, e assim podemos acompanhá-los até lá, consolidando neles e em nós mesmos as amarras que nos ligam à eternidade”, assegurou.

 

2. O Papa Francisco vai presidir à canonização do beato Carlos de Foucauld, religioso francês que foi assassinado na Argélia, e também de outros seis beatos católicos, anunciou o Vaticano. A cerimónia de canonização vai ter lugar a 15 de maio de 2022 e tinha sido adiada por causa da pandemia.

Carlos de Foucauld foi beatificado a 13 de novembro de 2005. “Um homem que venceu tantas resistências e deu um testemunho que fez bem à Igreja. Peçamos que nos abençoe do céu e nos ajude a caminhar nos caminhos de pobreza, contemplação e serviço aos pobres”, referiu o Papa Francisco, no centenário da sua morte, em 2016. Também na encíclica ‘Fratelli Tutti’, de outubro de 2020, Francisco recordou o ideal de “identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano”, do religioso francês.

 

3. O Papa está preocupado com os que vivem na região africana do Corno de África e convidou a rezar pelas vítimas do conflito na Etiópia. “Sigo com preocupação as notícias que vêm do Corno de África, em particular da Etiópia, atingida por um conflito que se prolonga por mais de um ano e que causou numerosas vítimas e uma grave crise humanitária. Convido todos à oração por aquela população tão duramente provada e renovo o meu apelo para que prevaleça a concórdia fraterna e a via pacífica do diálogo”, apelou o Papa, após a oração do Angelus, no passado Domingo, 7 de novembro.

Nessa manhã, na janela do apartamento pontifício, no Vaticano, o Papa realçou ainda que a religião deve estar separada de qualquer ligação com o dinheiro, questionando quem vive uma fé centrada nas “aparências” e no julgamento dos outros. “Cuidado com os hipócritas, isto é, tomem cuidado para não basear a vida no culto da aparência, da exterioridade, no cuidado exagerado da própria imagem. E, sobretudo, cuidado para não vergar a fé aos nossos interesses”, alertou. “É um aviso para todos os tempos e para todos, Igreja e sociedade: nunca se aproveitem da sua função para esmagar os outros, nunca lucrar na pele dos mais fracos! E vigiar, para não cair na vaidade, para não nos fixarmos nas aparências, perdendo a substância e vivendo na superficialidade”, acrescentou.

 

4. Francisco viaja, no próximo mês, a Chipre e à Grécia. A visita, anunciada dia 5 de novembro pelo Vaticano, realiza-se de 2 a 6 de dezembro. A primeira etapa será Nicósia, capital do Chipre, entre 2 e 4 de dezembro, seguindo depois para a Grécia onde, além de Atenas, o Papa se deslocará, pela segunda vez no seu pontificado, à Ilha de Lesbos. A primeira vez foi em abril de 2016. Os detalhes do programa ainda não foram divulgados.

De acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas, citados pela imprensa internacional, há atualmente 3500 pessoas a residir no novo campo de refugiados, construído depois do antigo campo de Moria ter ficado destruído devido a um incêndio, ocorrido em setembro de 2020. Na altura, residiam nesse campo 17 mil refugiados. Ainda segundo a ONU, a maioria dos refugiados em Lesbos é proveniente do Afeganistão.

 

5. O Papa Francisco escreveu aos bispos católicos de França, reunidos em assembleia plenária, assumindo a “vergonha” dos casos de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja e em instituições eclesiais. “Enquanto passais pela tempestade causada pela vergonha e pelo drama dos abusos de menores cometidos na Igreja, encorajo-vos a carregar o fardo com fé e esperança, e eu carrego-o convosco”, refere a carta, publicada no dia 4 de novembro pelo jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano. Francisco mostra-se convencido de que “juntos, e sob a orientação do Espírito Santo”, os bispos católicos “encontrarão os meios para prestar homenagem às vítimas e consolá-las, para exortar todos os fiéis à penitência e à conversão do coração”.

A mensagem desafia ainda a Conferência Episcopal Francesa a “tomar todas as medidas necessárias para que a Igreja seja uma casa segura para todos, para cuidar do povo santo de Deus ferido e profundamente perturbado, e para retomar a missão com alegria, resolutamente voltada para o futuro”. “Estai certos do apoio e da comunhão da Sé Apostólica. Não duvidem que o povo francês está à espera da Boa Nova de Cristo, precisa dela mais do que nunca”, frisou o Papa.

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