Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Do Outono à Primavera da vida
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O mês de novembro caracteriza-se pelo cair da folha. O Outono começou em outubro, e um mês depois já vamos vendo a folha caída das árvores, deixando ramos despidos das suas vestes que em dias de sol realizam a sua missão. Porque na natureza, naquilo que é a Criação de Deus, encontramos uma missão a cumprir. As árvores podem ser lugares de abrigo de aves que pernoitam, que criam; podem ser lugares de sombra; de produção de fruto, do ar que respiramos. Uma árvore despida pode sentir vergonha da sua nudez, torna-se frágil e pensar que não tem mais a fazer, que não há remédio. Mas o ciclo da sua vida não terminou. Porque a árvore pode gerar sempre vida a seguir, no nascer da folha, no brotar da flor, no fruto que pode dar mesmo quando pensa que tudo terminou.

A vida da árvore pode ser muitas vezes a vida do ser humano. O ciclo da natureza faz regenerar todos os anos a árvore para uma vida nova. Na nossa vida, ao chegar o Outono, na folha que cai, na fragilidade, na doença e até na morte, a fé em Deus e na Ressurreição de Jesus Cristo faz-nos acreditar que a vida continua, em Deus. 

Do Outono da vida passamos à Primavera, porque Deus, em nós, gera vida e essa vida pode acontecer à nossa volta, mesmo quando estamos doentes e pensamos que não há resposta ou solução. A forma como vivemos e aceitamos a nossa condição humana, também na fragilidade, pode ser geradora de vida à nossa volta e por isso a missão é contínua.

Ao longo da vida, e sobretudo no meu ministério sacerdotal, tenho recebido testemunhos belos dessa experiência de quem sente que a vida não é sua e, confiando e acreditando, vive cada dia numa entrega capaz de gerar nova vida à sua volta.

Por isso, não compreendo como se pode legislar para tirar a vida a alguém, pela eutanásia, em vez de se apostar na ajuda e na criação de condições para apoiar e aliviar o que pode ser o sofrimento de quem se sente desesperado, porque se considera ser um peso para os outros, ou porque considera não haver mais condições para viver. O amor à volta de quem sofre é vida e por isso não podemos, nunca, deixar de amar. Estaremos a saber amar verdadeiramente, ou deixamo-nos cair no comodismo e no facilitismo dos problemas e das dificuldades? Facilitar a morte a alguém não é gesto de amor, mas desistir de amar.

O que passa pela mente ou pelo coração de cada um é Deus quem conhece e nós não podemos julgar; mas a vida deveria ser sempre o primeiro valor a defender, desde a conceção até à morte natural.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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