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Roma
“A regra suprema da correção fraterna é o amor”
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O Papa Francisco alertou para os perigos da intriga que “esfolam o próximo”. Na semana em que avisou o COP26 de que “não há tempo a perder” no combate às alterações climáticas, o Papa recordou “as vítimas de guerra”, desafiou a transformar o Evangelho em “atos concretos de amor” e recebeu o presidente norte-americano. Vaticano prolonga fase diocesana do Sínodo.

 

1. O Papa sublinhou a importância de haver pastores próximos do seu rebanho. “Como é bonito encontrar pastores que caminham com o seu povo, que não se distanciam”, referiu Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, 3 de novembro, explicando tratar-se de pastores que não dizem “‘eu sou mais importante, eu sou um pastor, eu sou um padre, eu sou um bispo’, com o nariz empinado”, mas “pastores que caminham com o povo”. “Isso é muito bonito e faz bem à alma”, garantiu. Para o Papa, “caminhar segundo o Espírito” não é apenas uma ação individual. “Diz respeito também à comunidade como um todo” e “construir a comunidade seguindo o caminho indicado pelo apóstolo é emocionante e desafiador”, acrescentou.

Neste encontro público semanal, na Sala Paulo VI, Francisco alertou ainda para os perigos da intriga que “esfolam o próximo”, defendendo que “isso não está de acordo com o Espírito”, pois este impele-nos para “ter humildade” e provoca “doçura com o irmão”, mesmo quando o temos de corrigir. “Como é fácil criticar os outros! Há pessoas que parecem ter-se formado em boatos” e “todos os dias criticam os outros”, desabafou, sublinhando que “a regra suprema da correção fraterna é o amor” e defendendo “a mansidão, a paciência, a oração e a proximidade” como caminhos a percorrer.

Em ‘O Vídeo Papa’ de novembro, divulgado neste dia, Francisco expressa a sua proximidade a todas as pessoas que se sentem sobrecarregadas no seu dia a dia, especialmente no caso de stress e depressão, e pede orações para que elas recebam o acompanhamento necessário.

 

2. O Papa desafiou os participantes na COP26, a Cimeira do Clima que decorre em Glasgow, na Escócia, a agir imediatamente para cumprir os compromissos assumidos no combate às alterações climáticas, sublinhando que “não há tempo a perder”. Numa mensagem, Francisco admite que “muitos dos nossos irmãos e irmãs estão a sofrer com esta crise climática”. “As vidas de inúmeras pessoas, especialmente as mais vulneráveis, têm sentido os seus efeitos cada vez mais frequentes e devastadores. Temos de reconhecer o quanto ainda estamos longe de atingir as metas estabelecidas para enfrentar as mudanças climáticas. Devemos ser honestos: isto não pode continuar assim!”, manifestou, num texto que foi lido pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

A mensagem fala ainda na “tarefa vital” de enfrentar as alterações climáticas, no contexto do combate à atual pandemia de covid-19, que exige “profunda solidariedade e cooperação fraterna” entre todos os povos.

 

3. O Papa considera que “os túmulos das vítimas de guerra clamam por paz”. Francisco presidiu, a 2 de novembro, à Missa no Cemitério Militar Francês, em Roma, para assinalar a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, e pediu respeito pelos soldados mortos em combate, deixando uma pergunta: “Lutamos o suficiente para que não haja guerra, para que não haja economias nacionais alimentadas pela indústria do armamento?”. O Papa pediu ainda que todos ouçam os apelos deixados pelas vítimas da violência e da guerra. “Morreram porque foram chamados a defender a pátria, defender valores, ideais, e tantas vezes a defender situações políticas tristes e lamentáveis. São vítimas, vítimas da guerra, que devora os filhos da pátria”, lembrou.

Na véspera, a 1 de novembro, na Solenidade de Todos os Santos, o Papa Francisco destacou que a santidade proposta aos cristãos é uma “profecia que revoluciona o mundo”. “É uma mensagem contracorrente. O mundo diz que para se ter felicidade é preciso ser rico, poderoso, sempre jovem e forte, ter fama e sucesso. Jesus subverte estes critérios e faz um anúncio profético: a verdadeira plenitude de vida alcança-se seguindo Jesus, praticando a sua palavra”, observou, na janela do apartamento pontifício, antes da recitação do Angelus. “A santidade não é um programa de vida feito apenas de esforços e renúncias, mas é sobretudo a alegre descoberta de sermos filhos amados por Deus, isto enche-nos de alegria; não é uma conquista humana, é um dom que recebemos, somos santos porque Deus, que é o Santo, vem habitar a nossa vida”, salientou.

 

4. O Papa desafiou os cristãos a transformar o Evangelho em atos concretos de amor, para que o ensinamento de Jesus não seja “palavra morta”. “Tomemos como exemplo o Evangelho de hoje: não basta lê-lo e compreender que devemos amar a Deus e vizinho. É necessário que este mandamento, o grande mandamento, ressoe em nós, seja assimilado, se torne a voz da nossa consciência”, referiu Francisco, no passado Domingo, 31 de outubro, antes da recitação do Angelus. Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa sustentou que “o Senhor não procura comentadores hábeis das Escrituras, mas corações dóceis que, acolhendo a sua Palavra, se deixam transformar por dentro”. “Por isso é tão importante conhecer o Evangelho, tê-lo sempre à mão, uma pequena edição de bolso, na mala, apaixonar-se por ele”, acrescentou.

 

5. O Papa recebeu em audiência, a 29 de outubro, o presidente dos Estados Unidos, num encontro de cerca de uma hora e meia que a Casa Branca classificou como “muito caloroso”, com Joe Biden a referir-se a Francisco como o mais importante “guerreiro pela paz”. O comunicado do Vaticano fala num encontro “cordial”, em que se falou do compromisso comum para com a proteção e cuidado do planeta, da situação sanitária e da luta contra a pandemia da covid-19, dos migrantes e refugiados, e da proteção dos direitos humanos, incluindo do direito à liberdade religiosa e de consciência.

 

6. A Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos anunciou que a fase diocesana do processo sinodal vai ser prolongada até 15 de agosto de 2022. “Neste período, ouvimos repetidas vezes e de muitas partes o pedido de prolongar a duração da primeira fase do caminho sinodal, para proporcionar uma oportunidade maior ao povo de Deus de fazer uma autêntica experiência de escuta e diálogo”, informa um comunicado.

A fase diocesana do processo sinodal vai assim permitir mais cinco meses de auscultação e mobilização das comunidades locais, permitindo uma maior participação e envolvência no caminho sinodal lançado pelo Papa.

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