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P. Manuel Barbosa, scj
Processo sinodal na Europa
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Dialogar, escutar, discernir: três atitudes a marcar o processo sinodal iniciado em outubro de 2021 com as fases diocesana e nacional. Estamos agora na etapa continental rumo à assembleia geral dos bispos em Roma em outubro de 2023. Quis o Papa Francisco acrescentar mais um ano, convocando para outubro de 2024 uma segunda assembleia, na qual haverá certamente propostas para decisão, seguindo-se depois a relevante fase da receção. Sempre na escuta do Espírito e uns dos outros, sem excluir ninguém, mas todos incluir, todos temos o direito e o dever de participar neste dinamismo de comunhão e missão.

Como aconteceu na primeira fase, as Igrejas particulares são chamadas agora a refletir sobre o Documento de trabalho para a Etapa Continental (DEC). Não sendo uma auscultação como a anterior, as equipas sinodais de cada diocese, que podem ampliar essa escuta e discernimento a outros grupos, são chamadas a continuar o processo, enviando depois os seus contributos à Conferência Episcopal até 20 de janeiro. Também aqui não se trata de fazer nova síntese, mas acolher essas propostas vindas das dioceses, movimentos, institutos de vida consagrada e grupos informais, levando-as à Assembleia Continental da Europa, que vai acontecer em Praga, de 5 a 12 de fevereiro de 2023.

Cinco dimensões da sinodalidade devem permanecer em todas as fases, como referia o subsecretário da Secretaria Geral do Sínodo na conferência de imprensa de apresentação do DEC:

- É um processo espiritual que nos veicula a Cristo e aos irmãos, na dimensão orante que tem como eixo o amor verdadeiro e nos abre ao dinamismo evangelizador. «Estará realmente presente neste processo o Espírito Santo? Abrimo-nos a Ele e deixamo-nos interpelar por Ele?»

- É um processo solidário, que nos leva a caminhar juntos. «Encontrará eco no nosso coração tudo o que é verdadeiramente humano, como nos pedia o Concílio»?

- É um processo aberto, na escuta, no discernimento e na decisão. «Podemos expressar-nos livremente na Igreja, como fazem os seus membros em família? Sabemos dialogar? Sabemos discernir qual é a vontade de Deus, não a nossa?»

- É um processo integrador. «Estamos a viver a dinâmica do “processo”? Caminhamos na integração a todos os níveis ou conformamo-nos em criar elites, quer sejam clericais ou laicais?»

- É um processo dinâmico. «Como abordamos o futuro a nível local, nacional e universal depois da etapa diocesana? Estamos a tomar decisões concretas onde se manifesta a dimensão sinodal da Igreja?»

O comunicado final da última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal retoma as três grandes questões do DEC: «Que intuições ecoam, de modo mais intenso, com as experiências e as realidades concretas da Igreja do vosso continente e que experiências vos parecem novas e inovadoras? Que tensões ou divergências substanciais surgem como particularmente importantes na perspetiva do vosso continente e quais são as questões ou interrogações que deveriam ser enfrentadas e tomadas em consideração nas próximas fases do processo? Quais são as prioridades, os temas recorrentes e os apelos à ação que podem ser partilhados com outras Igrejas locais no mundo e discutidos durante a Primeira Sessão da Assembleia sinodal em outubro de 2023?»

Em suma, a etapa continental procura aprofundar o discernimento sobre o que emergiu da etapa anterior de escuta local e nacional com o objetivo de formular perguntas abertas de forma mais precisa, e de melhor fundamentar e dar corpo às intuições e à visão global. Quer também ser uma oportunidade para escutar as realidades não integradas na etapa anterior. Propõe que continuemos a discernir juntos em âmbito continental europeu, em vista de decisões sobre linhas de ação para uma Igreja sinodal e missionária, processo no qual todos estamos envolvidos, fazendo convergir as nossas sugestões para as equipas sinodais das dioceses.

 

P. Manuel Barbosa, scj