DOMINGO XXVI COMUM Ano C
“Um pobre, chamado Lázaro,
jazia junto do seu portão, coberto de chagas.”
Lc 16, 20
Por estes dias (22 a 24 de setembro) realiza-se em Assis o Encontro Internacional da “Economia de Francisco”, movimento que reuniu online, em 2021, 1200 jovens de 120 países, em que foi apresentada “uma carta-compromisso pelo direito ao trabalho digno, respeito pelos pobres, investimento na educação, apoio à sustentabilidade, igualdade de oportunidades e o fim de paraísos fiscais.” O encontro presencial com o Papa Francisco culminará com o estabelecimento de um “pacto” de fraternidade e mudança dos critérios económicos vigentes. Estes temas marcam as propostas sociais de Francisco iniciado com o “grito” na sua primeira Encíclica, “A Alegria do Evangelho”: “Devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão”.
Que belo contexto para a parábola de Jesus sobre o rico e o pobre Lázaro, que S. Lucas nos recorda. Em muitos ambientes e contextos sociais, “ter nome” significa distinção, riqueza, poder, influência. Na lógica de Jesus, “tem nome” quem é insignificante, esquecido, desprezado pelos grandes do mundo. E o seu nome é uma esperança: Lázaro significa “Deus é a minha ajuda”. Num relato que não pretende “descrever” a vida futura, mas mostrar a “indignação de Deus” pelas desigualdades da vida presente, somos confrontados com um rico que nada nos diz ser “má pessoa” e com um pobre que não sabemos se seria “boa pessoa”. Pois o escândalo não é a dimensão moral de cada um, mas o “abismo” de indiferença e cegueira que torna invisível ao que tanto pode a situação daquele que tanto necessita. Eis a situação que é preciso mudar, pois somos ricos e lázaros que vivemos lado a lado, sem nos vermos nem nos tocarmos. E a economia desumaniza e mata pela cegueira voluntária, a paralisia da instalação e o empedernimento do coração!
Lázaro tornou-se nome colectivo. Evoca doença e lepra como sucedeu na idade Média em que surgiram os “Lazaretos” para acolher esses desfavorecidos. Tornou-se o nome dos padres “lazaristas” fundados por S. Vicente de Paulo para o cuidado dos mais pobres, que tinha como uma das suas palavras de ordem “a caridade é inventiva”. É hoje nome de multidões, de países, de migrantes e refugiados, desta humanidade infeliz por não partilhar e promover o desenvolvimento, em vez de criar dependências, por alimentar guerras em vez de semear justiça. E como “não há ninguém tão rico que nada precise, nem tão pobre que nada tenha para dar”, vejamos bem se não somos “rico e Lázaro” ao mesmo tempo! Para mudar enquanto é tempo!
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