Missão |
David Ferreira Tavares, do grupo Voluntariado Passionista
“Ama faz o que quiseres!” - Santo Agostinho
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O meu nome é David Ferreira Tavares, tenho 25 anos e vivo em Ovar no distrito de Aveiro. Sou um jovem católico, fiz o percurso catequético até ao Crisma, integrei o grupo coral da missa das crianças da paróquia de S. Cristóvão de Ovar e depois, ao saber que estavam a precisar de acólitos para servir o altar na missa das crianças, não hesitei em realizar a formação de acólitos. Quando esta acabou no dia do nosso Padroeiro, a 25 de julho de 2011, foi com muita alegria que assumi ser acólito perante a comunidade através de uma cerimónia de compromisso. Além disso, também fiz parte do grupo de jovens de Ovar.

Este conjunto de datas e conquistas é algo de que me honro, porque me ajuda a descrever quem sou, em que é que acredito e o que é que me motiva. De facto, sou uma pessoa que gosta de ajudar o próximo, pelo que sou voluntário na Liga Portuguesa Contra o Cancro e desenvolvi projetos de voluntariado no Lar da Santa Casa Misericórdia de Ovar, rezando o terço mariano e jogando dominó e cartas com os utentes. Sou, ainda, voluntário da Cruz Vermelha de Ovar e recentemente passei a ser voluntário da Liga dos Amigos do Hospital de Ovar.

Mas foi quando a minha amiga Inês me convidou para o seu jantar de envio para a missão Ad Gentes em Calumbo (Angola) que o grupo Voluntariado Passionista apareceu na minha vida. E, aí, senti-me encantado e até desafiado ao ouvir os jovens falarem sobre as suas experiências em missão.

Ao conversar com a Inês, perguntei-lhe o que era preciso fazer para pertencer a este grupo, sendo que, a 26 de Setembro de 2016, fui a uma reunião do grupo, passando a integrá-lo.

Desde essa altura realizei uma linda e vasta caminhada de formações. Algumas foram realizadas pelo Missionário Passionista Padre Pires, outras pelos elementos do grupo que já tinham estado em missão e ainda participei nas formações de preparação de missionários pela Fundação Fé e Cooperação.

O Voluntariado Passionista também realiza voluntariado nacional num lar em S. Martinho do Bispo chamado Casa dos Pobres de Coimbra. Costumamos ir lá três vezes por ano: no Carnaval, na Semana Santa e no Natal. São sempre dias inspiradores e entusiasmantes nos quais realizamos atividades dinâmicas com os idosos e ajudamos nas tarefas da casa como, por exemplo, dar as refeições.

Mas há algo no meio desta minha vida de entrega humilde ao outro que ainda não disse: desde adolescente o meu sonho era partir em missão para Angola.

Como sempre, deixei que Deus guiasse o meu percurso enquanto batalhava para colocar os meus dons à Sua disposição, tal como diz Santo Inácio de Loyola “age como se tudo dependesse de ti, mas consciente de que na realidade tudo depende de Deus”. Por isso, em Outubro de 2018, decidi arriscar. Aí, enviei a minha carta de motivação para ir em missão Ad Gentes para comunidade dos Missionários Passionistas em Calumbo, Angola.

Foi no inesquecível mês de Janeiro de 2019 que os Missionários Passionistas de Santa Maria da Feira, Padre Bruno Dinis e Padre Pires, e que a Doutora Conceição, vice-presidente ONGD Rosto Solidário, me informaram que eu iria partir em missão no verão desse ano.

Fiquei tão feliz e realizado ao receber essa notícia que corri a contar a novidade aos meus pais, familiares e amigos. Porém, por razões de saúde, tivemos que protelar um pouco a minha ida para o início de 2020. Contei os dias até o momento chegar.

Assim, fiquei radiante quando a data da partida para Calumbo chegou: estaria lá, com o Carlos e a Regina, de 18 de janeiro a 21 de março de 2020.

E, agora, posso proclamar com alegria que o meu sonho se concretizou com sucesso.

Durante a missão tive múltiplas tarefas entre as quais organizar aa Biblioteca “Imbondeiro do Saber” e o seu Pólo “Casa do Saber” situado na Prisão do Kakila. Introduzi livros novos, coloquei etiquetas, carimbei e cataloguei os livros. Estive, ainda, a colocar livros nas diversas prateleiras de acordo com as suas categorias, a organizar os materiais escolares que vieram de Portugal, a tirar fotocópias, a verificar se faltavam livros, e a fazer a contagem de quantos exemplares existiam na biblioteca.

No seio de tudo isto, há momentos únicos e sublimes que farão sempre parte de mim, como quando ensinei o abecedário, fiz desenhos e li histórias com as crianças humildes de Calumbo. Digo, com toda a certeza, que elas são fascinantes e que, como todas as crianças do mundo, gostam de ser escutadas, de receber afetos e de brincar. Para minha surpresa, em Angola conheci o meu chará, uma criança que tem o mesmo nome que eu.

A dimensão religiosa desta missão é algo de que me orgulho, que me deixou eternamente grato e que levo sempre comigo por onde passo. Com a autorização do Padre Nuno Almeida colaborei nas atividades do Santuário de S. José de Calumbo, orientando a via-sacra e o terço mariano e acolitando na missa. Vivi estes momentos com tanta intensidade que as mamãs e os jovens já me saudavam dizendo “bom dia, Senhor Padre”.

No nosso dia a dia, habitávamos no seminário dos Missionários Passionistas onde inclusivamente fizemos limpezas e preparámos o pequeno-almoço. Lá, convivi com os seminaristas Passionistas, jovens simples e humildes que me contaram histórias belas, sendo que, também eles, me disseram que eu tinha vocação para ser padre.

No meu regresso a Portugal, senti que o meu sonho se tinha concretizado de uma forma inexplicável. Trago comigo as saudades da Comunidade Passionista de Calumbo que me acolheu, das conversas com os seminaristas, das brincadeiras e das conversas com as crianças e jovens que frequentavam a Biblioteca e, ainda, a falta que me fazem os irmãos, os papás, as mamãs, os acólitos, a Irmã Teresinha e os peregrinos dos sábados de manhã e das vigílias de oração do Santuário de S. José de Calumbo.

Transporto em mim um profundo sentimento de gratidão ao grupo Voluntariado Passionista pela oportunidade de partir e pelo trabalho e tenacidade que dedicaram para que eu pudesse partir em Missão Ad Gentes. Agradeço, também, aos meus amigos e família pelo apoio e ajuda que me deram, foi por vós que concretizei o meu grande sonho: ser missionário em Angola.

Tudo o que vivi pode ser resumido nesta frase sublime dos Missionários Passionistas: missão é uma paixão por Jesus Cristo e uma paixão pelas pessoas.

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